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FCHS (DCPC) - Dissertações de Mestrado

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  • Feminicídio no Brasil e a eficácia da aplicação da punibilidade: análise comparativa de casos de feminicídios no Distrito Federal e Rondônia
    Publication . Gomes, Dámaris Lana Custodio; Vieira-Pinto, Paulo
    O feminicídio, expressão máxima da violência de gênero, evidencia uma grave crise estrutural na sociedade brasileira, manifestando-se de forma diversa em múltiplos contextos, desde grandes centros urbanos até comunidades rurais e regiões isoladas. Esse tipo de violência não é um fenômeno isolado, mas resultado de um histórico de desigualdade, machismo e negligência institucional em relação aos direitos das mulheres. Os dados estatísticos são alarmantes e indicam não apenas o crescimento dos casos, mas também a persistência de padrões sociais e culturais que naturalizam e perpetuam essa forma extrema de violência. Diante desse cenário, torna-se urgente a formulação e execução de políticas públicas mais eficazes, voltadas tanto para a prevenção quanto para a repressão qualificada do feminicídio. A análise da legislação vigente, com destaque para a Lei Maria da Penha, revela avanços significativos na proteção das mulheres e no reconhecimento das especificidades da violência de gênero. No entanto, sua implementação ainda encontra obstáculos como a impunidade, a morosidade judicial, a falta de preparo de agentes públicos e as disparidades regionais no acesso à justiça. É fundamental avaliar criticamente a eficácia das estratégias existentes, considerando os fatores estruturais, institucionais e culturais que alimentam esse ciclo de violência. A presente pesquisa propõe-se a investigar a aplicação das normas jurídicas nos casos de feminicídio, examinando aspectos como falhas investigativas, lacunas processuais e a ausência de mecanismos de proteção eficazes. A intersecção entre desigualdade de gênero, cultura da violência e omissão do Estado constitui o cerne da problemática. Conclui-se que o enfrentamento do feminicídio exige uma abordagem multidisciplinar e integrada, que promova transformações sociais profundas, invista em educação e desconstrua padrões discriminatórios enraizados, com vistas à construção de um futuro equitativo, seguro e digno para todas as mulheres brasileiras.
  • Desregulação emocional: conflitos e oportunidade – um estudo sobre a ressignificação das emoções
    Publication . Carignani, Andreia Maria Santos; Cunha, Pedro
    O presente estudo qualitativo investigou a relação entre conflito e desregulação emocional, por meio da perceção de 11 adultos que residem em Portugal, sendo também analisadas as oportunidades para a ressignificação das emoções, considerando o contexto de nascimento e criação dos participantes. Buscou-se compreender os desafios na efetividade das respostas emocionais decorrentes da interação do organismo, indivíduo e ambiente. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturada, com a aplicação de um Guião de 11 questões, aplicado remotamente, através da plataforma Zoom, o que tornou possível a realização deste estudo, já que os participantes residiam em partes diferentes, todos dentro de Portugal Continental. Os participantes relataram diferentes experiências relacionadas ao manejo do conflito e de como sentiam suas emoções, tanto no momento do conflito quando foram convidados a pensar na possibilidade de já terem treinado as habilidades descritas por Linehan. O estudo também explorou como o treino de habilidades, estudado por Linehan (2018), pode contribuir para respostas emocionais mais adaptativas diante de situações desafiadoras. Os dados adquiridos aprofundam o conhecimento sobre regulação das emoções, ressaltando a importância de incluir essa temática em contexto de famílias disfuncionais ou durante separações conjugais. O treino de habilidades, especialmente para indivíduos em situação de risco, pode ser uma ferramenta valiosa para a sociedade. Apesar das limitações inerentes, o estudo demonstra uma elevada adequação dos indivíduos mesmo diante de episódios ocasionais de desregulação ocasional, tornando-se mais competente em suas habilidades emocionais.
  • Violência sexual baseada em imagens não consensuais: atitudes e crenças e experiência de vitimação em Portugal
    Publication . Castro, Telma Sofia Gonçalves; Sani, Ana Isabel
    A presente dissertação analisa o fenómeno do Abuso Sexual Baseado em Imagem (ASBI), uma forma crescente de ciberviolência, caracterizada pela divulgação, criação ou ameaça de partilha de conteúdos íntimos sem consentimento. A investigação integra dois estudos complementares: uma revisão sistemática da literatura internacional e um estudo empírico centrado na realidade portuguesa. A revisão sistemática teve como objetivo analisar as crenças, atitudes e prevalência do ASBI, reunindo estudos publicados entre 2017 e 2024. Os resultados revelaram a persistência de crenças que culpabilizam a vítima e legitimam o comportamento do agressor. Identificou-se uma relação direta entre atitudes minimizadoras e práticas de ASBI, evidenciando a influência de normas sociais e estereótipos. Apesar disso, confirmou-se que o ASBI é uma realidade transversal e multifacetada, com implicações relevantes para a saúde mental das vítimas e para a necessidade de intervenção social e jurídica. O estudo empírico, realizado com uma amostra de 252 participantes, teve como objetivo analisar as crenças e atitudes face ao ASBI, bem como a prevalência e os impactos da vitimação. A maioria dos participantes rejeitou explicitamente o ASBI, mas persistem crenças conservadoras, sobretudo entre os homens e entre vítimas. Verificou-se uma tendência para a culpabilização da vítima e para a aceitação de ideias como a inevitabilidade da divulgação de conteúdos íntimos. No que respeita à prevalência, 8.7% dos participantes reportaram ter sido vítimas de ASBI, sendo as ameaças de divulgação o comportamento mais comum. Os agressores identificados foram maioritariamente homens (81.8%) e próximos da vítima (parceiros ou amigos). As motivações mais referidas incluíram controlo, imaturidade e vingança, refletindo dinâmicas de poder nas relações íntimas. Os impactos da vitimação revelaram-se significativos: humilhação, tristeza, insegurança, danos e dificuldades nas relações interpessoais e no contexto profissional. Tais consequências reforçam a necessidade de uma resposta multidimensional, que integre apoio psicológico, jurídico e educacional. Em conjunto, os dois estudos sublinham a urgência de investir na educação para o consentimento, em campanhas de sensibilização, na formação de profissionais e na criminalização eficaz de todas as formas de ASBI. No contexto português, onde esta forma de violência ainda é pouco estudada, torna-se imperativo aprofundar o conhecimento existente, de forma a desenvolver respostas adequadas às vítimas e prevenir futuras ocorrências.
  • Percepção da parentalidade e psicossintomatologia: estudo com pais/mães e diferentes tipologias familiares
    Publication . Silva, Tatiana Félix Lima da; Fernandes, Ângela
    A parentalidade constitui uma das principais dimensões do ciclo vital adulto, contudo, traz responsabilidades adicionais e desafios emocionais que podem impactar o bem-estar psicológico dos progenitores. A adoção de estilos educativos positivos e a qualidade das relações familiares podem ser afetadas pela saúde mental dos progenitores. O objetivo deste estudo é investigar a relação entre os estilos educativos parentais e a sintomatologia psicológica dos progenitores em diferentes tipos de estruturas familiares. Trata-se de um estudo quantitativo, de natureza correlacional e transversal. A amostra é composta por 139 progenitores com idades compreendidas entre os 23 e os 77 anos (M = 46.16; DP = 8.55), de ambos os sexos. Foi utilizado um questionário sociodemográfico e clínico e dois instrumentos: o Brief Symptom Inventory 18 (BSI-18) e o Egna Minnen Betraffande Uppfostran – Parents (EMBU-P). Os resultados revelaram correlações negativas significativas entre os sintomas ansiosos e depressivos e o suporte emocional, bem como com o grau de confiança parental. Níveis elevados de psicossintomatologia associaram-se a maior stress parental, sendo que sintomas depressivos revelaram-se particularmente associados a pior relação emocional, menor envolvimento e comunicação com os filhos. Famílias monoparentais apresentaram níveis superiores de psicossintomatologia do que as famílias nucleares. Assim sendo, os resultados evidenciam a influência da saúde mental dos progenitores na forma como percecionam e exercem a parentalidade e apontam para a necessidade de estratégias de apoio psicológico e intervenção familiar, especialmente em contextos vulneráveis, promovendo práticas educativas mais saudáveis e relações familiares mais equilibradas.
  • Psicossintomatologia e estilos parentais: relação entre somatização, ansiedade e depressão e a perceção da parentalidade
    Publication . Matos, Sara Isabel Mesquita; Fernandes, Ângela
    O presente estudo teve como objetivo analisar a influência da psicossintomatologia parental, nomeadamente sintomas de somatização, depressão e ansiedade, na perceção dos estilos parentais adotados. Foi seguido um desenho metodológico quantitativo, descritivo e correlacional, com a participação 141 participantes que exerciam funções parentais. A recolha de dados realizou-se através de questionário online, com seções sobre dados sociodemográficos, o Inventário de Sintomas Psicopatológicos BSI-18 e o questionário EMBU-P, que avalia a perceção parental nas dimensões de suporte emocional, rejeição e tentativa de controlo. Foram formuladas três hipóteses: (H1) Os estilos parentais (suporte emocional, rejeição e sobreproteção) predizem significativamente os níveis de psicossintomatologia dos participantes; (H2) Estilos parentais negativos, nomeadamente a rejeição e a sobreproteção, predizem significativamente níveis mais elevados de psicossintomatologia; (H3) Estilos parentais positivos, como o suporte emocional, predizem significativamente níveis mais baixos de psicossintomatologia. A análise estatística, com recurso a regressões lineares simples, revelou que os níveis de psicossintomatologia foram predominantemente baixos a moderados, e a perceção das práticas parentais foi maioritariamente positiva, com altos níveis de suporte emocional e níveis moderados de rejeição e controlo. Os resultados indicaram uma associação estatisticamente significativa entre níveis elevados de psicossintomatologia, somatização, depressão, ansiedade e índice geral de gravidade, e maior perceção de comportamentos parentais de rejeição. Em contrapartida, não se verificaram associações significativas com o suporte emocional nem com a tentativa de controlo. Estes resultados contribuem para a compreensão dos mecanismos através dos quais a psicossintomatologia interfere na perceção dos estilos parentais. Contudo, esta investigação apresenta limitações, como o uso exclusivo de autorrelatos, a homogeneidade da amostra e a ausência de controlo de variáveis sociodemográficas, o que restringe o vigor na generalização dos resultados. Futuros estudos deverão adotar metodologias de análise mais robustas, incluir múltiplas amostras diversificadas, recolha longitudinal e aprofundar os processos subjacentes à parentalidade em contexto de sofrimento psicológico.
  • Relação entre bem-estar (espiritual e psicológico) e saúde mental em adultos
    Publication . Martins, Sandra Marisa Soares; Meneses, Rute; Gomes, Inês
    O presente estuda visa analisar o de Bem-Estar Psicológico, Bem-Estar Espiritual e a Saúde Mental em adultos portugueses e explorar a relação entre eles. Por este tema despertar um grande interesse científico foi importante desenvolver este estudo como forma de aprofundar e adquirir novos conhecimentos. Inicialmente, é feito um enquadramento conceptual do bem-estar geral, que serve de base para a análise de duas dimensões amplamente discutidas na literatura: o bem-estar subjetivo e o bem-estar social. Este percurso teórico, orientado por uma lógica de afunilamento, permite uma transição natural para as dimensões centrais deste estudo: o bem-estar psicológico e o bem-estar espiritual, cujo impacto na saúde mental tem vindo a suscitar um interesse crescente. O estudo contou com um total de 101 participantes, todos adultos portugueses e com idades compreendias entre os 18 e os 61 anos. Os dados foram recolhidos com recurso a um Questionário Sociodemográfico, Escala de Bem-Estar Psicológico (EBEP) – Versão Portuguesa, Questionário de Bem-Estar Espiritual (SWBQ) – Versão Portuguesa e o Internacional Mental Health Inventory de 5 itens. Os resultados demonstraram uma correlação positiva moderada e estatisticamente significativa entre o MHI-5 e o EBEP Total, indicando que uma melhor saúde mental percebida está associada a níveis mais elevados de bem-estar psicológico. Também se observou uma correlação positiva entre o MHI-5 e o bem-estar espiritual total, em particular com a dimensão de Espiritualidade Pessoal, embora as dimensões Transcendente, Comunitária e Ambiental do SWBQ não tenham apresentado correlações significativas com a saúde mental percebida. Estes dados confirmam que o bem-estar psicológico e espiritual (sobretudo na sua vertente pessoal) são fatores relevantes para a saúde mental, ainda que o impacto da espiritualidade possa assumir formas distintas consoante o contexto cultural e geracional. Este estudo não representa apenas uma contribuição académica, mas também um percurso pessoal de aprendizagem e reflexão. Foi uma oportunidade para reconhecer que cuidar da saúde mental implica olhar para o ser humano na sua totalidade — nas suas emoções, valores, relações e significados. Que este trabalho possa servir de base para futuras investigações, mas também para inspirar intervenções mais humanas e integradas, onde o bem-estar não seja apenas uma meta, mas um caminho.
  • Relação entre as práticas parentais e a qualidade de vida de praticantes de desporto dos 10 aos 13 anos, de ambos os sexos: perceção dos/as praticantes e dos/as encarregados/as de educação
    Publication . Costa, Pedro Filipe Correia Soares da; Costa, Ana
    Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre as práticas parentais e a qualidade de vida em jovens praticantes de desporto com idades compreendidas entre os 10 e os 13 anos. Como objetivos específicos, pretende-se verificar a existência de diferenças nessa relação em função da idade, do sexo e da modalidade desportiva praticada (basquetebol e futebol), bem como a perceção dos atletas e dos/as encarregados/as de educação. Trata-se de um estudo quantitativo, de natureza transversal e descritiva. A amostra, por conveniência, é constituída por 130 participantes, de ambos os sexos, dos quais 65 são jovens atletas e 65 são os respetivos encarregados de educação. A média de idades dos atletas foi de 11,74 (DP= 1,16) e dos encarregados de educação foi de 44,31 (DP= 5,291). Foi aplicado um questionário sociodemográfico e dois instrumentos de autorrelato: o Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto (Gomes, 2024) e o Kidscreen-27 (Gaspar & Matos, 2008), com o objetivo de avaliar, respetivamente, os comportamentos parentais no contexto desportivo e a perceção de qualidade de vida das crianças. Os resultados revelaram que a modalidade desportiva não influencia diretamente a perceção de qualidade de vida dos/as jovens atletas, embora se tenham registado diferenças significativas nas práticas parentais maternas entre modalidades. Verificou-se maior envolvimento competitivo parental na fase intermédia (4 a 6 anos de prática desportiva do atleta). As perceções entre atletas e encarregados/as evidenciaram concordância moderada, sobretudo em domínios observáveis. Os dados sublinham a importância de práticas parentais ajustadas às fases do desenvolvimento e da articulação entre família, escola e desporto na promoção do bem-estar dos/as jovens.
  • O apoio social e o ajustamento à infertilidade
    Publication . Almeida, Patrícia Salema de; Silva, Isabel
    O ser humano é um animal social que se forma a partir da relação com o outro, sendo a vida em grupo um mecanismo de sobrevivência importante, que traz benefícios de saúde bem estabelecidos. Um dos maiores objetivos de vida da nossa sociedade é a parentalidade, e a infertilidade revela-se um obstáculo a esta. Este trabalho teve como objetivo compreender se existe relação entre a satisfação com o apoio social e o ajustamento à infertilidade em mulheres da população portuguesa. Teve, também, como objetivo compreender se existe alguma associação entre a satisfação com o apoio social, o ajustamento à infertilidade e as variáveis sociodemográficas e clinicas (idade, escolaridade, altura, peso, IMC, tabagismo, consumo de álcool, se está atualmente numa relação, há quanto tempo está nessa relação, se existem crianças na relação atual, quanto tempo esteve a tentar engravidar com o seu atual companheiro, se já esteve grávida, quantas vezes esteve grávida, se já teve alguma perda gestacional, quantas perdas gestacionais teve, se já teve algum parto, quando ocorreram os partos, se foi dado diagnóstico, se optou por algum tratamento e qual, e histórico de adoção). Foi estudada uma amostra não aleatória, do tipo “bola de neve”, constituída por 79 participantes, do sexo feminino, que preencheram um questionário sociodemográfico e clínico, a Escala de Satisfação com o Suporte Social e a Escala de Ajustamento à Fertilidade. Os resultados deste estudo sugerem que, embora a satisfação com o apoio social na amostra seja globalmente moderada, ela não se traduz num melhor ajustamento à infertilidade, pelo contrário, mostrou estar associado a um menor ajustamento. Uma possível explicação para os resultados paradoxais deste estudo poderá residir na interpretação do apoio social como um indicador de maior vulnerabilidade emocional: as mulheres que experienciam menos ajustamento podem recorrer mais intensamente à sua rede de apoio, o que pode ser interpretado como um maior nível de satisfação com esse apoio. Os dados reforçam a importância de uma abordagem terapêutica individualizada, sendo que não é suficiente simplesmente promover um apoio social de qualidade, mas sendo também importante trabalhar o ajustamento propriamente dito.
  • Impacto da parentalidade no bem-estar, ansiedade, depressão e stress
    Publication . Rocha, Marina Isabel Sousa; Fonte, Carla
    A parentalidade constitui uma experiência marcante e multifacetada no ciclo de vida adulto, com potenciais impactos tanto positivos como negativos na saúde mental. Esta dissertação teve como objetivo principal comparar os níveis de bem-estar, ansiedade, depressão e stress entre adultos que são pais e não pais. Participaram 473 indivíduos com idades entre os 18 e os 74 anos, divididos em dois grupos: pais (n = 250) e não pais (n = 223). Foram utilizados dois instrumentos de autorresposta: a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) e a Escala do Continuum de Saúde Mental (MHC-SF). Os resultados revelaram que os pais apresentaram níveis significativamente mais elevados de bem-estar social e níveis significativamente mais baixos de stress, comparativamente aos não pais. Verificou-se ainda uma tendência para níveis mais elevados de bem-estar psicológico e menores níveis de depressão nos pais, embora sem significância estatística. As variáveis sociodemográficas, como habilitações académicas, apresentaram diferenças em alguns resultados, destacando-se que os pais com ensino superior reportaram menor sintomatologia psicológica. Estes dados sublinham a importância de considerar o contexto da parentalidade nas políticas de promoção da saúde mental, evidenciando que esta experiência pode funcionar como fator de proteção, sobretudo ao nível social e emocional.
  • O papel do suporte social na qualidade de vida de utentes hospitalizados
    Publication . Monteiro, Mariana Sofia Duarte; Costa, Ana
    A presente investigação analisa a relação entre o suporte social percebido e a qualidade de vida de utentes hospitalizados em unidades de convalescença, reabilitação e cuidados paliativos. Partindo da evidência de que a hospitalização representa um período de fragilidade física, emocional e social, o estudo identifica o suporte social como um fator protetor com impacto direto no bem-estar dos pacientes. Considera-se que não é apenas o apoio efetivamente recebido que influencia a qualidade de vida, mas sobretudo a perceção subjetiva que os indivíduos têm da disponibilidade e adequação desse suporte. O suporte social é conceptualizado em dimensões como apoio emocional, instrumental, informativo e material, podendo provir de fontes formais (como profissionais de saúde) e informais (como família e amigos). A qualidade de vida, por sua vez, é entendida como um constructo multidimensional que abrange domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde através do instrumento WHOQOL-BREF. A investigação adotou uma metodologia quantitativa, com desenho correlacional. A amostra foi composta por 84 participantes hospitalizados, 66,7% do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino. A idade média foi de 80,25 anos (DP = 11,656). Foram utilizados questionários validados, Escala do Suporte Social e WHOQOL-BREF, para avaliar o suporte social percebido e a qualidade de vida. A recolha de dados decorreu em contexto hospitalar, mediante o consentimento informado, com aplicação individual dos instrumentos. Os resultados indicaram uma correlação positiva significativa entre suporte social percebido e qualidade de vida (r = 0,692; p < 0,001). Constatou-se que os níveis mais altos de suporte social estavam associados a melhor perceção da qualidade de vida, sendo a intimidade a dimensão de suporte mais influente nos domínios psicológico e físico. A satisfação com amigos também teve um impacto relevante, sobretudo no domínio das relações sociais. Foram observadas diferenças importantes entre os tipos de unidades hospitalares. Os utentes em cuidados paliativos revelaram os níveis mais baixos tanto de suporte social como de qualidade de vida, contrastando com os de reabilitação, que apresentaram os melhores indicadores. Também se verificou que fatores como sexo, número de filhos, tempo de internamento influenciam significativamente tanto a perceção do suporte social quanto os resultados nos diferentes domínios da qualidade de vida. O estudo demonstra que a qualidade de vida de pacientes hospitalizados não depende apenas de fatores clínicos, mas também da presença de redes de apoio que promovem o bem-estar psicológico e emocional. A perceção de suporte especialmente a proximidade emocional e a participação social revelam-se fundamental para enfrentar os desafios do internamento.