Loading...
2 results
Search Results
Now showing 1 - 2 of 2
- O contexto da aculturação português através do modelo de Rudmin: do encontro intercultural com o Japão até ao Luso-TropicalismoPublication . Castro, Joaquim Filipe Peres de; Madeira, Milton; Rudmin, Floyd WebsterA investigação propôs dois objetivos: explorar e contextualizar a cultura portuguesa da aculturação e deslocar a abordagem da aculturação para a aprendizagem recíproca, tendo em conta o modelo de Rudmin (2009). Aplicou-se o método misto: análise de conteúdo, trabalho quantitativo e etnográfico, mediante uma análise diacrónica e sincrónica, através de fontes primárias e secundárias. A análise de conteúdo às obras de Fernão Mendes Pinto e de Luís de Fróis demonstrou que o discurso histórico português acerca da aculturação reporta aprendizagem recíproca, sendo diferente da cultura anglo-saxónica. Porém, este discurso é também caracterizado pelas relações assimétricas, sendo contradito pela e/imigração portuguesas. Portanto, a tentativa de contextualizar a cultura portuguesa da aculturação foi alargada aos referidos fenómenos. Tornou-se ainda necessário verificar qual a reação da maioria portuguesa às suas mudanças culturais, tendo ainda em conta as apreensões dos emigrantes portugueses e dos imigrantes cabo-verdianos, usando-se três amostras distintas (maioria portuguesa, imigrantes cabo-verdianos e emigrantes portugueses). Assim dispondo, a cultura portuguesa da aculturação foi definida como funcionando através de duas avaliações, simultâneas, uma “ideal”, a qual corresponde ao modelo de fusão e ao luso-tropicalismo, tal como ocorreu na aculturação jesuítica no Japão do século XVI; e uma outra avaliação, a “real”, correspondendo às apreensões desencadeadas pelas motivações das três amostras. A cultura luso-tropical funciona na cultura portuguesa como uma ideologia consensual, preferindo as misturas culturais próprias do modelo da fusão; no entanto, as atitudes culturais mudam consoante o estatuto social das amostras, tornando-as relativas e seletivas, assistindo-se à existência de diferenças inter/intragrupais, sendo que as culturas interagem de forma diferenciada. A cultura portuguesa da aculturação é distinta da anglo-saxónica, levantando a problemática da falta de equivalência e apontando para a necessidade de se contextualizar as investigações provenientes da cultura anglo-saxónica mediante as decisões de utilidade, o background português e a evolução do construto da aculturação. Investigações posteriores deverão abordar a aculturação como um fenómeno interativo e dinâmico, no qual a aprendizagem reciproca é regulada pelas motivações aculturativas; sugeriu-se assim o conceito de saudade, pois este permite verificar as misturas culturais e a manutenção cultural, em simultâneo.
- Os efeitos do vaivém da emigração continental: um estudo de caso em MelgaçoPublication . Castro, Joaquim Filipe Peres de; Maia, Rui LeandroO objecto de estudo é a emigração melgacense desde meados do século XX e as diferenças socioculturais entre os melgacenses com experiências emigratórias e os residentes, as quais resultam num conflito agonístico entre ambos os grupos. Os melgacenses com percursos emigratórios percepcionam a existência de uma separação sociocultural face aos residentes. A diferenciação sociocultural revela-se no uso da língua estrangeira, na construção da casa “afrancesada” e na ostentação económica, fomentando as tensões agonísticas. No uso da língua estrangeira, os melgacenses com percursos emigratórios sentem-se aculturados e ambivalentes, no entanto, na atribuição para esta situação não se percepcionam como parte interdependente das tensões agonísticas, conferindo relevância a elementos relacionais: o facto de estarem de férias, de reencontrarem a família e a falta de hábito no uso da língua portuguesa. Na problemática da casa “afrancesada”, a socialização laboral realizada é desvalorizada pelos questionados, sendo, no entanto, valoriza pelos informantes privilegiados e, não directamente, pelas profissões mantidas no espaço de acolhimento e pelos graus de escolaridade. A emigração, conquanto conote algo de intrinsecamente negativo, tornouse num fenómeno social não problematizado. Emigrar, em Melgaço, ainda significa ascender a um estatuto social mais favorável. E, efectivamente, os melgacenses com percursos emigratórios percepcionam-se como tendo ascendido socialmente. Os comportamentos agonísticos dos residentes são percebidos na base da inveja e não como uma redefinição das posições sociais ou através de condições objectivas de ambos os espaços. No registo do conflito agonístico, não se percebem como fonte de tensão agonística, sendo que, no entanto, são os emigrantes, as mulheres, os mais jovens e os licenciados que a percepciona com maior intensidade. Conquanto, a relativa melhoria das condições de vida, em termos comunitários, a ascensão económica parece não ter efeitos positivos, uma vez que a melhoria técnico-profissional é escassa, as remessas têm diminuído, o investimento, agora, é feito no espaço de acolhimento e a desertificação humana e física têm aumentado. A relação mantida entre ambos os espaços, no âmbito da transculturação, é assimétrica. The study object is the melgacense emigration since mid-twentieth century and the sociocultural differences between the melgacenses with emigration experiences and the residents, which resulted in an agonistic conflict between both groups. The melgacenses with emigration pathways perceive the existence of a sociocultural separation towards melgacenses without emigration experience: the residents. The sociocultural differentiation is revealed through the foreign language use, in the “French house” construction and in the economic ostentation, creating agonist tensions. In the use of the foreign language, persons with emigration experiences feels object of acculturation and cultural ambiguous. However, in the attribution to this situation, they do not see themselves as part of agonistic tensions, giving relevance to relational factors: being on holidays, meeting their families and the mere habit in using French language. In the “French house” issue, they not give too much relevance to labour socialization. Nevertheless, the labour socialization is valorised by key informants and, not directly, by their professions in the space of host and school grade. In Melgaço, the emigration is still means moving up to a better social status. And, in fact, the melgacenses with emigration experiences perceive themselves as moving up socially. The residents agonistic behaviour is perceived on envy basis and not as a redefinition of the social positions or by objectives conditions, from both spaces. Besides, they do not perceive themselves as a source of agonistic tensions; only females, youngest and graduates perceives it with more intensity. In spite of relative improvement in the living conditions, in community fields, the economic rise does not seem to have positive effects; there is a faint technical/professional improved, a decrease of remittances, the investment in the host country and the human and physical desertification are increasing. Therefore, the relation between both spaces is the asymmetric transculturation. L’objet d’étude est l’émigration melgacense depuis le milieu de XX siècle et les différence socioculturelle entre les melgacenses avec parcours emigratoirs et les résidents, ce qui entraîne un conflit agonistique entre les deux groups. Les melgacenses avec parcours emigratoirs entendent l'existence d'une séparation socioculturelle face aux résidents. La différenciation socioculturelle se révèle dans l'utilisation de la langue étrangère, dans la construction de la maison française et dans l'ostentation économique, fomentant les tensions agonistique. Dans l'usage de la langue étrangère, les melgacenses avec des parcours emigratoirs se sentent acculturatifs et ambivalents. Toutefois, l'attribution pour cette situation ne perçoit pas dans les cadre des las tensions agonistiques, ils donnent importance aux facteurs relationnelles : le fait d'être en vacances, de retrouver la famille et le l'usage fréquent de la langue française. Dans la problématique de la maison "française", la socialisation ouvrière réalisée dans l'espace d'accueil est dévaluée par les interrogés, étant, néanmoins, valorisé par les informateurs privilégiés, par les professions maintenues dans l'espace d'accueil et par le degré scolaire. L'émigration, bien que connote quelque chose intrinsèquement de négatif, s'est rendue dans un phénomène social non problématisé. Émigrer, à Melgaço, encore signifie monter à un statut social plus favorable. Et, effectivement, les melgacenses avec parcours emigratoirs se voyant eux-mêmes comme en ayant monté socialement. Les comportements agonistiques des résidents sont perçus sur la base de l'envie et non pas comme une redéfinition des positions sociales ou par des conditions objectives, dans les deux espaces. Les sujets ne se voyant pas comme source de tension agonistique, cependant, sont les émigrants, les femmes, les plus jeunes et les licenciés que la perçoivent avec plus grande intensité. Bien que, la relative amélioration des conditions de vie, dans le contexte communautaire, l'ascension économique ne semble pas avoir d'effets positifs; l'amélioration des techniques/professionnels est insuffisante, les transferts monétaires ont diminué, l'investissement se réalise dans l'espace d'accueil et la désertification humaine et physique ont augmenté. La relation maintenue entre les deux espaces est asymétrique et transculturelle.