Repositório Institucional da Fernando Pessoa
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Indicadores de alerta para o (in)sucesso: uma revisão sistemática de literatura dos fatores externos que podem impactar PDIs na sociedade civil em Moçambique
Publication . Soares, Gerdane Fernandes de Brito; Cardoso, Carla Pinto
A África é um continente onde seus inúmeros fatores externos impactam negativamente seus projetos de desenvolvimento internacional. Moçambique, país da África Austral, encontra-se neste contexto. Seus projetos estão ameaçados principalmente por fatores ecológicos e por fatores relacionados a esta arena. Somado a estes, as questões legais interferem grandemente o espaço da sociedade civil, onde todas as iniciativas são desenvolvidas; além das culturais, como a interferência de conhecimento entre o Norte e Sul Global. Não obstante, estes projetos estão ameaçados pelas mudanças na paisagem, que passam despercebidas pelos atores do regime socio-tecnológico, deixando de não apenas reconhecê-las, mas de suportá-las, perdendo em relação às inovações e melhorias. Esta pesquisa preenche uma lacuna na literatura, considerando a gestão de risco e de incertezas com o uso de indicadores de alerta, direcionando os projetos de desenvolvimento internacional na sociedade civil moçambicana para a quarta dimensão de sucesso, que é o preparo para o futuro. Através de uma Revisão Sistemática de Literatura em fontes internacionais, africanas, portuguesas e moçambicanas, foram identificados 205 fatores externos ou tendências que podem impactar tais projetos no país. Os fatores identificados são comuns a organizações e projetos locais, além de descrevem parte da paisagem do ambiente de desenvolvimento internacional.
Relação entre as práticas parentais e a qualidade de vida de praticantes de desporto dos 10 aos 13 anos, de ambos os sexos: perceção dos/as praticantes e dos/as encarregados/as de educação
Publication . Costa, Pedro Filipe Correia Soares da; Costa, Ana
Este estudo tem como objetivo analisar a relação entre as práticas parentais e a qualidade de vida em jovens praticantes de desporto com idades compreendidas entre os 10 e os 13 anos. Como objetivos específicos, pretende-se verificar a existência de diferenças nessa relação em função da idade, do sexo e da modalidade desportiva praticada (basquetebol e futebol), bem como a perceção dos atletas e dos/as encarregados/as de educação. Trata-se de um estudo quantitativo, de natureza transversal e descritiva. A amostra, por conveniência, é constituída por 130 participantes, de ambos os sexos, dos quais 65 são jovens atletas e 65 são os respetivos encarregados de educação. A média de idades dos atletas foi de 11,74 (DP= 1,16) e dos encarregados de educação foi de 44,31 (DP= 5,291). Foi aplicado um questionário sociodemográfico e dois instrumentos de autorrelato: o Questionário de Comportamentos Parentais no Desporto (Gomes, 2024) e o Kidscreen-27 (Gaspar & Matos, 2008), com o objetivo de avaliar, respetivamente, os comportamentos parentais no contexto desportivo e a perceção de qualidade de vida das crianças. Os resultados revelaram que a modalidade desportiva não influencia diretamente a perceção de qualidade de vida dos/as jovens atletas, embora se tenham registado diferenças significativas nas práticas parentais maternas entre modalidades. Verificou-se maior envolvimento competitivo parental na fase intermédia (4 a 6 anos de prática desportiva do atleta). As perceções entre atletas e encarregados/as evidenciaram concordância moderada, sobretudo em domínios observáveis. Os dados sublinham a importância de práticas parentais ajustadas às fases do desenvolvimento e da articulação entre família, escola e desporto na promoção do bem-estar dos/as jovens.
O apoio social e o ajustamento à infertilidade
Publication . Almeida, Patrícia Salema de; Silva, Isabel
O ser humano é um animal social que se forma a partir da relação com o outro, sendo a vida em grupo um mecanismo de sobrevivência importante, que traz benefícios de saúde bem estabelecidos. Um dos maiores objetivos de vida da nossa sociedade é a parentalidade, e a infertilidade revela-se um obstáculo a esta.
Este trabalho teve como objetivo compreender se existe relação entre a satisfação com o apoio social e o ajustamento à infertilidade em mulheres da população portuguesa. Teve, também, como objetivo compreender se existe alguma associação entre a satisfação com o apoio social, o ajustamento à infertilidade e as variáveis sociodemográficas e clinicas (idade, escolaridade, altura, peso, IMC, tabagismo, consumo de álcool, se está atualmente numa relação, há quanto tempo está nessa relação, se existem crianças na relação atual, quanto tempo esteve a tentar engravidar com o seu atual companheiro, se já esteve grávida, quantas vezes esteve grávida, se já teve alguma perda gestacional, quantas perdas gestacionais teve, se já teve algum parto, quando ocorreram os partos, se foi dado diagnóstico, se optou por algum tratamento e qual, e histórico de adoção).
Foi estudada uma amostra não aleatória, do tipo “bola de neve”, constituída por 79 participantes, do sexo feminino, que preencheram um questionário sociodemográfico e clínico, a Escala de Satisfação com o Suporte Social e a Escala de Ajustamento à Fertilidade.
Os resultados deste estudo sugerem que, embora a satisfação com o apoio social na amostra seja globalmente moderada, ela não se traduz num melhor ajustamento à infertilidade, pelo contrário, mostrou estar associado a um menor ajustamento. Uma possível explicação para os resultados paradoxais deste estudo poderá residir na interpretação do apoio social como um indicador de maior vulnerabilidade emocional: as mulheres que experienciam menos ajustamento podem recorrer mais intensamente à sua rede de apoio, o que pode ser interpretado como um maior nível de satisfação com esse apoio.
Os dados reforçam a importância de uma abordagem terapêutica individualizada, sendo que não é suficiente simplesmente promover um apoio social de qualidade, mas sendo também importante trabalhar o ajustamento propriamente dito.
Impacto da parentalidade no bem-estar, ansiedade, depressão e stress
Publication . Rocha, Marina Isabel Sousa; Fonte, Carla
A parentalidade constitui uma experiência marcante e multifacetada no ciclo de vida adulto, com potenciais impactos tanto positivos como negativos na saúde mental. Esta dissertação teve como objetivo principal comparar os níveis de bem-estar, ansiedade, depressão e stress entre adultos que são pais e não pais. Participaram 473 indivíduos com idades entre os 18 e os 74 anos, divididos em dois grupos: pais (n = 250) e não pais (n = 223). Foram utilizados dois instrumentos de autorresposta: a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) e a Escala do Continuum de Saúde Mental (MHC-SF). Os resultados revelaram que os pais apresentaram níveis significativamente mais elevados de bem-estar social e níveis significativamente mais baixos de stress, comparativamente aos não pais. Verificou-se ainda uma tendência para níveis mais elevados de bem-estar psicológico e menores níveis de depressão nos pais, embora sem significância estatística. As variáveis sociodemográficas, como habilitações académicas, apresentaram diferenças em alguns resultados, destacando-se que os pais com ensino superior reportaram menor sintomatologia psicológica. Estes dados sublinham a importância de considerar o contexto da parentalidade nas políticas de promoção da saúde mental, evidenciando que esta experiência pode funcionar como fator de proteção, sobretudo ao nível social e emocional.
O papel do suporte social na qualidade de vida de utentes hospitalizados
Publication . Monteiro, Mariana Sofia Duarte; Costa, Ana
A presente investigação analisa a relação entre o suporte social percebido e a qualidade de vida de utentes hospitalizados em unidades de convalescença, reabilitação e cuidados paliativos. Partindo da evidência de que a hospitalização representa um período de fragilidade física, emocional e social, o estudo identifica o suporte social como um fator protetor com impacto direto no bem-estar dos pacientes. Considera-se que não é apenas o apoio efetivamente recebido que influencia a qualidade de vida, mas sobretudo a perceção subjetiva que os indivíduos têm da disponibilidade e adequação desse suporte. O suporte social é conceptualizado em dimensões como apoio emocional, instrumental, informativo e material, podendo provir de fontes formais (como profissionais de saúde) e informais (como família e amigos). A qualidade de vida, por sua vez, é entendida como um constructo multidimensional que abrange domínios físicos, psicológicos, sociais e ambientais, conforme definido pela Organização Mundial da Saúde através do instrumento WHOQOL-BREF. A investigação adotou uma metodologia quantitativa, com desenho correlacional. A amostra foi composta por 84 participantes hospitalizados, 66,7% do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino. A idade média foi de 80,25 anos (DP = 11,656). Foram utilizados questionários validados, Escala do Suporte Social e WHOQOL-BREF, para avaliar o suporte social percebido e a qualidade de vida. A recolha de dados decorreu em contexto hospitalar, mediante o consentimento informado, com aplicação individual dos instrumentos. Os resultados indicaram uma correlação positiva significativa entre suporte social percebido e qualidade de vida (r = 0,692; p < 0,001). Constatou-se que os níveis mais altos de suporte social estavam associados a melhor perceção da qualidade de vida, sendo a intimidade a dimensão de suporte mais influente nos domínios psicológico e físico. A satisfação com amigos também teve um impacto relevante, sobretudo no domínio das relações sociais. Foram observadas diferenças importantes entre os tipos de unidades hospitalares. Os utentes em cuidados paliativos revelaram os níveis mais baixos tanto de suporte social como de qualidade de vida, contrastando com os de reabilitação, que apresentaram os melhores indicadores. Também se verificou que fatores como sexo, número de filhos, tempo de internamento influenciam significativamente tanto a perceção do suporte social quanto os resultados nos diferentes domínios da qualidade de vida. O estudo demonstra que a qualidade de vida de pacientes hospitalizados não depende apenas de fatores clínicos, mas também da presença de redes de apoio que promovem o bem-estar psicológico e emocional. A perceção de suporte especialmente a proximidade emocional e a participação social revelam-se fundamental para enfrentar os desafios do internamento.
