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Da história da imprensa à comunicação intercultural: os estudos sobre imprensa e comunicação nas antigas províncias ultramarinas de Portugal

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Neste trabalho, argumenta-se que a imprensa colonial portuguesa foi desde cedo entendida como um objeto de estudo relevante pelos pensadores portugueses do jornalismo. Descobriu-se que, inicialmente, esses pesquisadores circunscreveram as suas preocupações à história do jornalismo – ou, em sentido lato, à história da tipografia e do impresso, nomeadamente à catalogação de publicações (Gracias, 1880, sobre a tipografia; Aranha, 1885; Silva Leal, 1898; Cunha, 1929; Fernandes, 19__; Teixeira, 1965; Vários Autores, 1954; Dias e Eça, 1957; Codam, 1973..); posteriormente, graças ao surgimento dos estudos sociológicos em Portugal alargaram – principalmente com José Júlio Gonçalves – as suas atenções à determinação do papel que Portugal teve na difusão da tipografia e do jornalismo pelo mundo e às funções e papéis da comunicação social nas sociedades coloniais (Gonçalves, 1964, 1965, 1966; 1967; 1972a; 1972b). Os trabalhos deste último autor, sobretudo os livros Os Meios de Comunicação Social à Luz da Sociologia e Efeitos dos Modernos Meios de Comunicação nas Sociedades Plurais (que basicamente corresponde ao primeiro mas com outro título), embora fruto do contexto em que foram produzidos, propõem uma análise sociológica dos problemas inerentes ao recurso à comunicação social em sociedades coloniais multiculturais. Para Gonçalves (1972a, p. 68), o s valores das sociedades tradicionais, difundidos pelos respetivos sistemas comunicativos (simples, assentes em meios biomecânicos), mesmo quando arcaicos, funcionam como travões aos processos de socialização e aculturação promovidos pela mídia tecnologicamente avançada (caraterizada por ter sistemas comunicativos complexos) própria das sociedades modernas. Mesmo assim, defende o autor, devido à ação da mídia moderna sobre as sociedades tradicionais, notam-se nestas últimas alterações nos estilos de vida, nas hierarquias sociais, nas relações entre as pessoas, nos padrões de conduta e, em suma, nas mentalidades. Mais, a imposição de sistemas mediáticos modernos às sociedades tradicionais coloca o domínio sobre os sistemas comunicativos nas mãos de profissionais, quando antes estava nas mãos dos líderes tradicionais (Gonçalves, 1972a, p. 68). Contudo, o autor admite a existência de fenómenos de resistência cultural aos valores, modos de vida e atitudes propostos pela mídia moderna. Inclusivamente, esta resistência à aculturação e socialização seria mais fortes nas sociedades plurais, que mantêm sistemas comunicativos tradicionais paralelos aos modernos, do que nas sociedades modernas, marcadas pela complexidade e mudança (Gonçalves, 1972a, pp. 68-69).

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CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 35, Fortaleza, 2012.

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