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Além do verde: jardins e parques urbanos na resposta aos desafios socioambientais contemporâneos – estudo de caso da cidade do Porto

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Abstract(s)

As cidades contemporâneas enfrentam desafios socioambientais que, se não forem enfrentados, colocam em causa a sua sustentabilidade e o bem-estar das suas populações. As soluções baseadas na Natureza são apontadas internacionalmente como uma das estratégias mais eficientes a longo prazo. De entre estas soluções, os Espaços Verdes Urbanos (EVUs), enquanto pontes de ligação entre a Natureza e o urbano, assumem-se como lugares de socialização, de prática de atividade física, cultural e recreativa, para além de poderem desempenhar um papel de relevo na mitigação da poluição atmosférica e dos efeitos das alterações climáticas. Ainda que exista uma quantidade considerável de literatura dedicada a estes espaços, persiste uma lacuna sobre como o potencial dos serviços dos ecossistemas, as preferências, as motivações e as relações emergentes dos seus utilizadores são mediadas tendo em conta o envolvente perfil socioeconómico e territorial. Tomando como estudo de caso a cidade do Porto, localizada na região norte do litoral português, integrada na segunda maior área metropolitana do país, que sofreu uma perda significativa da estrutura verde urbana durante a segunda metade do século XX, esta investigação propôs-se a compreender de que forma é que os EVUs estão a responder aos desafios socioambientais contemporâneos. Dos 95 EVUs identificados na cidade, foram selecionados 25, a que se aplicou uma abordagem por triangulação de técnicas, nomeadamente a construção e aplicação de uma grelha de avaliação do potencial de serviços dos ecossistemas, a construção e aplicação de um inquérito por questionário a 131 utilizadores destes EVUs e, por fim, o mapeamento do comportamento humano de 975 utilizadores em quatro dos 25 EVUs. Através de análises estatísticas univariadas e multivariadas, e com recurso aos programas SPSS, R e ArcGIS, foi possível responder ao objetivo da presente investigação. Os resultados tornam clara uma situação de injustiça ambiental na provisão de EVUs na cidade, sendo que, em zonas de maior privação socioeconómica, estes espaços tendem a ter menor potencial de serviços dos ecossistemas, em entendimento generalizado pelos utilizadores. Numa tentativa de proposta de tipologia de EVUs, foram identificados cinco grupos: espaços ambientalmente capacitados e socialmente expectantes, espaços socioambientalmente ativos, espaços ambientalmente capacitados mas socialmente adinâmicos, espaços socioambientalmente negligenciados e espaços socioambientalmente inexplorados. Com esta proposta, torna-se possível identificar quais as dimensões que mais carecem de intervenção, para além de se observar que os dois últimos grupos, com menor potencial de serviços dos ecossistemas, são os que agregam EVUs localizados em zonas da cidade de maior privação socioeconómica. Os EVUs são utilizados para relaxar, socializar e contactar com a Natureza no meio do tecido urbano denso, para além de promoverem uma maior consciência ecológica à medida que o grau de frequência aumenta. O mapeamento do comportamento humano foi também revelador de padrões e de regularidades entre os comportamentos e o desenho dos EVUs, bem como dos elementos naturais e mobiliário urbano, contribuindo numa maior correspondência entre as necessidades humanas e o espaço. Acresce que os EVUs com maior dinamismo e frequência de utilizadores localizam-se em áreas de menor privação da cidade. A resposta ao objetivo inicialmente proposto é de que os EVUs estão a responder aos desafios socioambientais a dois ritmos: se por um lado o seu potencial socioecológico é aproveitado pelos seus utilizadores, por outro nem todos beneficiam destes de forma equitativa. A maior expectativa é que os resultados deste trabalho possam ser um contributo na definição de estratégias locais que potenciam os serviços dos ecossistemas dos EVUs da cidade, providenciando o acesso equitativo de todos a estes espaços e satisfazendo as necessidades dos seus utilizadores rumo a cidades verdes, justas e inclusivas.
Contemporary cities face socio-environmental challenges that, if not addressed, undermine their sustainability and the well-being of their populations. Nature-based solutions are internationally recognized as one of the most efficient long-term strategies. Among these solutions, the Urban Green Spaces (UGS), as bridges of connection between nature and the urban, assume themselves as places of socialization, physical, cultural, and recreational activity, in addition to being able to play a role in mitigating atmospheric pollution and the effects of climate change. Although there is a considerable amount of literature dedicated to these spaces, there is still a gap in how the potential of ecosystem services, preferences, motivations, and emerging relationships of their users are mediated, considering the surrounding socioeconomic and territorial profile. Taking as a case study the city of Porto, located in the northern region of the Portuguese coast, integrated into the second largest area of the country, which suffered a significant loss of urban green structure during the second half of the 20th century, this investigation aimed to understand how UGS are responding to contemporary socio-environmental challenges. Of the 95 UGS identified in the city, twenty-five were selected, to which a triangulation technique approach was applied, namely the construction and application of a grid to assess the potential of ecosystem services, the construction and application of a questionnaire survey to 131 UGS users and, finally, the mapping of the human behavior of 975 users in four of the 25 UGS. Through univariate and multivariate statistical analyses, and using SPSS, R, and ArcGIS programs, it was possible to respond to the objective of the present investigation. The results make clear a situation of environmental injustice in the provision of UGS in the city, considering that, in areas of greater socioeconomic deprivation, these spaces tend to have less potential for ecosystem services, in general understanding by users. To propose a typology of UGS, five groups were identified: environmentally capable and socially expectant spaces, socio-environmentally active spaces, environmentally capable but socially dynamic spaces, socio-environmentally neglected spaces, and socio-environmentally unexplored spaces. With this proposal, it becomes possible to identify the dimensions that most need intervention, in addition to observing that the last two groups, with less potential for ecosystem services, are those that aggregate UGS that are in areas of the city of greater socio-economic deprivation. UGS are used to relax, socialize, and contact with nature amongst the dense urban fabric, in addition to promoting greater ecological awareness as the degree of attendance increases. The mapping of human behavior also revealed patterns and regularities between behaviors and the design of the UGS, as well as natural elements and urban furniture, contributing to a greater correspondence between human needs and space. In addition, the UGS with greater dynamism and frequency of users are in less deprived areas of the city. The answer to the objective initially proposed is that the UGS are responding to socio-environmental challenges at two paces: if, on the one hand, their socio-ecological potential is used by their users, on the other, not everyone benefits from them in an equitable way. The greatest expectation is that the results of this work can be a contribution to the definition of local strategies that enhance the ecosystem services of the city's UGS, providing equitable access for all to these spaces and satisfying the needs of their users toward green cities, fair and inclusive.
Les villes contemporaines sont confrontées à des défis socio-environnementaux qui, s'ils ne sont pas résolus, compromettent leur durabilité et le bien-être de leurs populations. Les solutions fondées sur la nature sont internationalement reconnues comme l'une des stratégies à long terme les plus efficaces. Parmi ces solutions, les Espaces Verts Urbains (EVUs), en tant que ponts de connexion entre la nature et l'urbain, s'assument comme des lieux de socialisation, d'activité physique, culturelle et récréative, en plus de pouvoir jouer un rôle dans l'atténuation de la pollution atmosphérique et les effets du changement climatique. Bien qu'il existe une quantité considérable de littérature consacrée à ces espaces, il existe encore une lacune dans la manière dont le potentiel des services écosystémiques, les préférences, les motivations et les relations émergentes de leurs utilisateurs sont médiatisées, en tenant compte du profil socio-économique et territorial environnant. Prenant comme étude de cas la ville de Porto, située dans la région nord de la côte portugaise, intégrée dans la deuxième plus grande zone du pays, qui a subi une perte importante de structure verte urbaine au cours de la seconde moitié du XXe siècle, cette enquête visait à comprendre comment l'EVUs répond aux défis socio-environnementaux contemporains. Sur les 95 EVUs recensés dans la ville, 25 ont été retenus, auxquels une approche technique de triangulation a été appliquée, à savoir la construction et l'application d'une grille d'évaluation du potentiel des services écosystémiques, la construction et l'application d'une enquête par questionnaire auprès de 131 utilisateurs d'EVUs et, enfin, la cartographie du comportement humain de 975 usagers dans quatre des 25 EVUs. Grâce à des analyses statistiques univariées et multivariées et à l'aide des programmes SPSS, R et ArcGIS, il a été possible de répondre à l'objectif de la présente enquête. Les résultats mettent en évidence une situation d'injustice environnementale dans la fourniture d'EVUs dans la ville, considérant que, dans les zones de plus grande privation socio-économique, ces espaces ont tendance à avoir moins de potentiel pour les services écosystémiques, en général compris par les utilisateurs. Dans une tentative de proposer une typologie d'EVUs, cinq groupes ont été identifiés : les espaces écologiquement capables et socialement attendus, les espaces socio-environnementaux actifs, les espaces écologiquement capables mais socialement dynamiques, les espaces socio-environnementaux négligés et les espaces socio-environnementaux inexplorés. Avec cette proposition, il devient possible d'identifier les dimensions qui nécessitent le plus d'intervention, en plus d'observer que les deux derniers groupes, avec moins de potentiel pour les services écosystémiques, sont ceux qui regroupent les EVUs qui sont situés dans les zones de la ville de plus grande socio- privation économique. Les EVUs sont utilisées pour se détendre, socialiser et entrer en contact avec la nature dans le tissu urbain dense, en plus de promouvoir une plus grande conscience écologique à mesure que le degré de fréquentation augmente. La cartographie du comportement humain a également révélé des modèles et des régularités entre les comportements et la conception de l'EVUs, ainsi que des éléments naturels et du mobilier urbain, contribuant à une plus grande correspondance entre les besoins humains et l'espace. De plus, les EVUs avec plus de dynamisme et de fréquence d'utilisation sont situées dans des quartiers moins défavorisés de la ville. La réponse à l'objectif initialement proposé est que les EVUs répondent aux enjeux socio-environnementaux à deux rythmes : si, d'une part, leur potentiel socio-écologique est utilisé par leurs usagers, d'autre part, tout le monde n'en bénéficie pas dans une manière équitable. La plus grande attente est que les résultats de ce travail puissent être une contribution à la définition de stratégies locales qui valorisent les services écosystémiques de l'EVUs de la ville, offrant un accès équitable pour tous à ces espaces et satisfaisant les besoins de leurs usagers vers des villes vertes, équitables et inclusive.

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Espaços verdes urbanos Saúde ambiental e humana Ecologia urbana e humana Usos e sentidos Mapeamento do comportamento humano Urban green spaces Environmental and human health Urban and human ecology Uses and meanings Human behaviour mapping Espaces verts urbains Santé environnementale et humaine Écologie urbaine et humaine Usages et significations Cartographie du comportement humain

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