Browsing by Author "Ferreira, Bruna Carolina Lobo"
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- Gestão da saúde mental em emergências e desastres: estudo etnográfico na HungriaPublication . Ferreira, Bruna Carolina Lobo; Silva, IsabelO gerenciamento de desastres ambientais ocorre a partir de um ciclo de etapas. A escolha de qual formato deve ser utilizado precisa estar em consonância com aquilo que é necessidade de cada país. Do ponto de vista da área da saúde mental, como parte integrante no gerenciamento de desastres, o impacto das emergências e dos desastres sobre a saúde pode implicar em uma perturbação psicossocial que ultrapassa a capacidade de resposta da população afetada (Organización Panamericana de la Salud, 2009). Na Hungria, de acordo com a experiência em 2010 no desastre da “Lama Vermelha”, um dos piores desastres que atingiram cerca de 718 pessoas, os profissionais da área de saúde mental relataram que encontraram dificuldades no âmbito das intervenções psicossociais, dentre as quais destacaram: o apoio psicológico não foi inserido no gerenciamento de crises a médio e longo prazo, falha na comunicação das intervenções à população, dificuldades para evacuação, fraca coordenação das doações, falta de protocolos para integração de voluntários, estigma quanto ao papel do psicólogo e falta de compreensão da relevância de intervenções psicossociais pelas autoridades e responsáveis pelo gerenciamento do desastre (Komlósi et al., 2015). A partir de um estudo preliminar sobre as consequências psicossociais deste desastre, realizado por Kopp e Skrabski (2008), foram identificadas que 56% das vítimas primárias e 59% das vítimas secundárias sofrem de algum tipo de problema de saúde consideravelmente maior que a população média da Hungria. Neste âmbito que o objetivo do presente estudo foi conhecer a opinião de profissionais envolvidos direta ou indiretamente em emergências e desastres ambientais, nomeadamente no que se refere a atuação da área de saúde mental nas diferentes etapas de gerenciamento de desastres (preparação, prevenção, resposta e avaliação). Participaram no presente estudo 4 profissionais húngaros que trabalham em instituições públicas voltadas às questões de Emergências e Desastres em Buda e Peste. A abordagem escolhida para condução do estudo foi o método etnográfico, através dos seguintes instrumentos para recolha das informações: diário de campo, entrevista semi-estruturada e questionário. Para a discussão dos resultados foram utilizados dois planos internacionais de intervenção, o Comitê Permanente entre Agências sobre Saúde Mental e Apoio Psicossocial em Situações de Emergências e o Guia prático de Saúde Mental em Situações de Desastres elaborado pela Organização Mundial da Saúde. Os resultados apontam que às intervenções na Hungria são predominantemente assistenciais e de pouca participação comunitária. As intervenções na área da saúde mental estão voltadas a fase de resposta, junto aos afetados utilizando-se de abordagens direcionadas ao trauma. No entanto, apesar de existirem profissionais capacitados para intervenções em desastres, ainda há falta de reconhecimento das potencialidades da saúde mental em diferentes etapas do gerenciamento de desastres, tais como para avaliações de risco, ações junto a comunidade e no preparo dos profissionais. O presente estudo enfatiza a importância de validar e incluir nos planos nacionais os contributos da área da saúde mental, orientado pelas organizações internacionais, de forma a auxiliar o preparo da comunidade e dos profissionais nas respostas aos desastres ambientais.