FCS (MMIC) - Microbiologia Clínica
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Browsing FCS (MMIC) - Microbiologia Clínica by advisor "Gomes, Alexandra"
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- Avaliação dos perfis de resistência a antibióticos em Escherichia coli provenientes de infeções urinárias adquiridas na comunidadePublication . Marques, Bibiana Maria Lima; Sousa, João Carlos; Gomes, AlexandraAs infeções do trato urinário (ITU) são das infeções mais frequentes na comunidade, sendo E. coli o principal agente etiológico. O conhecimento da realidade epidemiológica no que concerne aos padrões de suscetibilidade aos vários antibióticos utilizados no tratamento de ITU é de extrema importância, permitindo assim a escolha mais adequada em contexto de terapia empírica. No tratamento da ITU são utilizados antibióticos de eliminação urinária, nomeadamente -lactâmicos, quinolonas, sulfanamidas, fosfomicina e nitrofurantoína, sendo os antibióticos do grupo dos -lactâmicos um dos mais utilizados no tratamento de infeções causadas por Escherichia coli. No entanto, com o surgimento de bactérias produtoras de -lactamases de espectro alargado (ESBLs), qAmpCs e/ou carbapenemases a eficácia deste grupo de antimicrobianos tem vindo a diminuir. Os genes codificantes destes mecanismos de resistência podem estar inseridos em elementos móveis (plasmídeos) que podem incluir também genes de resistência a outros grupos de antibióticos, limitando ainda mais as opções terapêuticas. Com a realização do presente trabalho pretende-se avaliar os padrões de suscetibilidade aos vários antibióticos utilizados no tratamento da ITU de 480 isolados de E. coli provenientes de amostras de urina de pacientes que requisitaram exame bacteriológico de urina em um laboratório da comunidade; investigar a ocorrência e a diversidade de genes que codificam para ESBLs (blaESBL) ou qAmpC (blaqAmpC) nos isolados identificados como presumíveis produtores de ESBLs e/ou qAmpC; assim como avaliar a co-resistência a antibióticos não -lactâmicos nos isolados produtores de ESBLs e/ou qAmpCs. A identificação da espécie bacteriana e a avaliação da susceptibilidade aos vários antibióticos foram realizadas utilizando o sistema automático VITEK®2 Systems. A caracterização dos isolados identificados como presumíveis produtores de ESBLs incluiu a realização do teste do duplo sinergismo e a identificação de genes blaESBL (blaTEM/blaSHV/blaCTX-M) por PCR e sequenciação. Nos isolados identificados como possíveis produtores de qAmpC foi realizada a identificação de genes blaqAmpC por PCR e sequenciação. Nos 480 isolados de E. coli estudados, 94% foram provenientes de pacientes do género feminino. A classe etária dos 61 aos 75 anos foi associada a uma maior ocorrência de ITU em ambos os géneros. Na avaliação da susceptibilidade aos diferentes antibióticos verificou-se uma elevada resistência à ampicilina (42,9%), ao trimetropim-sulfametoxazol (23,1%) e a antibióticos do grupo das quinolonas, destacando-se o ácido nalidixico (28,6%). As taxas de resistência à nitrofurantoína (1,7%) ou à fosfomicina (2,1%) foram baixas, pelo que ambos constituiram ainda alternativas eficazes no tratamento de ITU na comunidade. Nenhum isolado de E. coli apresentou resistência aos carbapenemos. A expressão de ESBLs foi observada em 3% (14/480) dos isolados de E. coli. Os genes blaESBL foram identificados como blaCTX-M (blaCTX-M-14 e blaCTX-M-15) (n=12) ou blaSHV (blaSHV-12) (n=2). Em 4 isolados de E. coli foi detetado um fenótipo compatível com a produção de qAmpC, sendo que em todos foi identificado o gene blaCMY-2. Verificou-se ainda a co-produção de ESBLs e qAmpC (blaSHV-12/blaCMY-2) (n=1). Em 12 dos isolados produtores de ESBLs e em 1 dos isolados produtores de qAmpC foram observados fenótipos de multiresistência. Este estudo demonstra que a disseminação na comunidade de E. coli resistentes a múltiplos antibióticos é uma realidade preocupante, limitando as opções terapêuticas e contribuindo para o insucesso do tratamento da ITU, sobretudo em contexto de terapia empírica.