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- Perfil das vítimas de violência no namoro numa amostra de jovens adultosPublication . Baptista, Iara Correia; Fernandes, ÂngelaA violência no namoro constitui-se como um fenómeno persistente entre jovens adultos, frequentemente sustentado por crenças socioculturais que contribuem para a sua legitimação e normalização. O presente estudo teve como principal objetivo analisar a relação entre crenças legitimadoras da violência conjugal e os comportamentos de vitimização, perpetração e a bidirecionalidade nas relações íntimas. Postulou-se como hipótese geral que jovens adultos com crenças mais legitimadoras da violência conjugal apresentam maior propensão para comportamentos de perpetração, maior frequência de vitimização, maior envolvimento em comportamentos abusivos de maior gravidade e padrões mais acentuados de bidirecionalidade nos conflitos relacionais, com diferenças significativas em função do género e fatores sociodemográficos. A investigação foi conduzida com base numa abordagem quantitativa, de natureza transversal, descritiva e exploratória. A recolha de dados foi realizada através de um questionário online, divulgado através de várias plataformas online (e.g. redes sociais e listas de emails institucionais), utilizando uma amostragem por conveniência. A amostra foi constituída por 351 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos (M = 24.05; DP = 4.61), dos quais 268 (76.4%) se identificaram com o género feminino, 82 (23.4%) com o género masculino e 1 participante como outro. A investigação recorreu à Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal da autoria de Machado & colaboradores (2008), destinada a aferir o grau de concordância com crenças que legitimam a violência nas relações de intimidade, e à Escala de Táticas de Conflito Revisada (CTS-2) traduzida e validada por Bárbara Figueiredo e Carla Paiva (2006) que permitiu identificar comportamentos associados à vitimização, perpetração e bidirecionalidade da violência. A análise estatística foi realizada com recurso ao software SPSS, versão 28.0. Procedeu- se à verificação da normalidade das variáveis por meio da inspeção da simetria e curtose, complementada com os testes de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Considerando a ausência de normalidade na maioria das variáveis, recorreu-se a testes estatísticos não paramétricos, nomeadamente testes de Mann-Whitney, testes de Wilcoxon e correlações de Spearman. Foram ainda conduzidas análises descritivas, incluindo frequências, médias e desvios-padrão. Os resultados indicaram que os participantes do sexo masculino evidenciaram uma maior adesão a crenças legitimadoras da violência, bem como uma maior frequência de comportamentos de vitimização e de perpetração, sugerindo a presença de um padrão de violência bidirecional. Entre os participantes do sexo masculino e feminino, a negociação surgiu como a tática mais reportada, seguindo-se a agressão psicológica como a forma de violência mais prevalente, enquanto os comportamentos de abuso físico, quer com sequelas ligeiro quer severo, foram, de forma geral, menos frequentes. Verificaram-se ainda associações estatisticamente significativas entre a aceitação da violência e a frequência de comportamentos abusivos, confirmando a hipótese de que crenças legitimadoras estão associadas à vitimização e perpetração da violência nas relações de intimidade. Estes resultados sublinham a importância do desenvolvimento de estratégias de prevenção e intervenção direcionadas à desconstrução de crenças que sustentam a violência nas relações afetivas, promovendo relações mais saudáveis e igualitárias entre os jovens adultos.