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- Dar voz aos adolescentes: um estudo qualitativo sobre atribuições causais e experiências nas dificuldades escolaresPublication . Faria, Mariana Sacramento; Fonte, CarlaO insucesso escolar tem sido um tema alvo de vários estudos ao longo dos anos, procurando compreender a génese desta problemática, com a identificação de fatores de risco que lhe estão subjacentes. No entanto emerge ainda a necessidade de compreender as causas para estas dificuldades e/ou insucesso por parte dos próprios estudantes. Alguma literatura apresenta a teoria das atribuições causais como um quadro conceptual relevante neste fenómeno, pois a mesma elenca que o (in)sucesso escolar pode ser condicionado pela perceção do sujeito, exercendo uma influência sobre as suas reações emocionais diante de sucessos e fracassos e, moldando as suas expectativas relativamente a resultados futuros, impactando, por fim, no seu desempenho escolar (Weiner, 1986). A presente investigação de caráter qualitativo, pretende dar aos jovens a possibilidade de serem narradores da sua própria história e, apresenta como objetivo a identificação das atribuições causais dos mesmos relativas às origens das suas dificuldades escolares. Participaram quinze adolescentes com idades compreendidas entre os treze e os dezassete anos. Para a recolha de dados foi elaborado um guião de entrevista semiestruturado com questões referentes às dificuldades sentidas em ambiente escolar e ambiente geral, assim como questões relativas a estratégias de coping, áreas de competências e objetivos futuros. Para a análise dos resultados, utilizou-se a análise temática seguindo o modelo de Braun e Clarke (2006). Os resultados foram categorizados de acordo com as atribuições realizadas pelos adolescentes e, considerou-se pertinente a divisão em duas grandes áreas: as dificuldades (na vida escolar e na vida em geral) e as áreas funcionais. A divisão das dificuldades em dois ambientes foi necessária para uma melhor clarificação e análise das informações dadas pelos jovens. Concluímos que os adolescentes atribuem as suas dificuldades escolares a si próprio, ou seja, a um locus de controlo interno e as dificuldades da vida em geral à família, sendo, por isso, um locus de controlo externo (Weiner, 1986). Ainda assim, identificam áreas funcionais de competências, objetivos e estratégias de coping, algo que poderá ser identificado como um fator protetor. Estes resultados poderão contribuir para futuros projetos em áreas comunitárias, pois possibilitarão uma adequação das atividades desenvolvidas com os mesmos. Para além disso, é fulcral para que possam ser colocadas em prática medidas promotoras do desenvolvimento saudável dos jovens, tanto em casa como nas escolas.
- O Fórum Económico Mundial de Davos na imprensa portuguesa de referência: os casos do Expresso e do Público (1990-2020)Publication . Pires, Leonel Ribeiro; Sousa, Jorge PedroOs encontros anuais do Fórum Económico Mundial (FEM) em Davos, Suíça, representam um dos eventos económicos e sociopolíticos de maior importância no mundo. Desde a sua fundação, em 1971, que o FEM reúne os principais nomes de decisores de governos e Estados, de organizações, de associações, da arte e cultura e da academia para discutir diversos pontos da agenda global, tais como os conflitos entre nações, a pobreza, a emergência ambiental ou o multilateralismo. Tendo em conta o prestígio das personalidades internacionais presentes, tal como a premência das temáticas discutidas, as cimeiras são tema recorrente nas páginas dos jornais de todo o mundo. A presente pesquisa procura compreender o discurso sobre as cimeiras do Fórum Económico Mundial de Davos na imprensa portuguesa, através da constatação dos critérios de noticiabilidade identificados e da observação dos enquadramentos mediáticos revelados, nas coberturas dos periódicos de referência, Expresso e Público. O estudo proposto assume dimensão quantitativa e qualitativa, com os respetivos suportes da análise de discurso e da teoria do enquadramento. A metodologia escolhida permitiu verificar que a cobertura das cimeiras traduz uma rotina editorial nos dois periódicos, quer relativamente à abordagem das reuniões anuais de janeiro, quer aos acontecimentos adjacentes e demais relatórios complementares ao evento de Davos. Permitiu, ainda, identificar que existe uma adaptação do tipo de cobertura jornalística aos momentos históricos do ano de realização das cimeiras e às questões geopolíticas contemporâneas na agenda do Fórum. Foi possível observar, também, que os dois periódicos dedicaram tempo e espaço à cobertura, entre 1990 e 2020, e percorreram todos os géneros jornalísticos para apresentarem, ao longo de trinta anos, as notícias sobre as cimeiras ao público português. Em virtude da natureza reservada do Fórum Económico Mundial e dos atores envolvidos, ambos os jornais recorreram a fontes oficiais para a construção das peças jornalísticas. Além de entrevistas diretas, verificou-se a reprodução de comunicados e de declarações oficiais de autoridades presentes no evento. Os dois jornais reproduziram, como enquadramentos, os temas sugeridos nas cimeiras e exploraram os diferentes quadros geopolíticos e geoestratégicos.