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- Hipocolesterolemias: síndrome de Smith-Lemli-Opitz, uma revisão narrativaPublication . Mendes, Flávia Madalena Pinto; Moutinho, CarlaAs hipocolesterolemias, contrariamente às hipercolesterolemias, constituem um grupo heterogéneo de patologias ainda pouco conhecido associado a uma elevada morbilidade, sendo, por conseguinte, necessário aprofundar o seu estudo para que o respetivo diagnóstico e tratamento possam ser melhorados. Nos doentes com comprometimento da biossíntese do colesterol, há um desenvolvimento embrionário anormal, o qual leva ao aparecimento de diversas características fenotípicas ainda no período pré-natal, uma vez que a passagem do colesterol através da barreira placentária é limitada. O processo patológico subjacente à carência em colesterol decorre como consequência do bloqueio da via metabólica responsável pela sua síntese. Apesar de pouco conhecidas, estão presentemente descritas dez doenças genéticas afetando a parte distal da via metabólica da biossíntese deste esterol, a mais frequente das quais é a síndrome de Smith-Lemli-Opitz (SLOS), causada pelo défice da enzima 7-dehidrocolesterol redutase, que catalisa a conversão de 7-dehidrocolesterol a colesterol. O espetro fenotípico da SLOS é muito amplo, variando desde uma doença leve com problemas comportamentais e de aprendizagem a uma síndrome de malformações letais, sendo que as características clínicas mais frequentes são sindactilia do segundo e terceiro dedos dos pés, microcefalia, retrognatismo, narinas antevertidas, entre outras. Este trabalho tem como objetivos uma revisão bibliográfica atual sobre as hipocolesterolemias, tendo como foco principal a SLOS, a importância do diagnóstico dos défices da biossíntese do colesterol e os potenciais tratamentos. Este estudo permitiu comprovar que o diagnóstico ainda é um desafio, por existirem outras síndromes que compartilham algumas características clínicas da SLOS. No entanto, a sindactilia do segundo e terceiro dedos em forma de Y, presente na maioria dos indivíduos com SLOS, raramente é observada noutros distúrbios. Concluiu-se que atualmente não há tratamento comprovadamente eficaz para pacientes com SLOS; a suplementação dietética de colesterol e a terapia com estatinas são discutidas de forma controversa. O ácido cólico pode ser benéfico por melhorar a absorção de colesterol, mas não é suficiente para reverter a patologia. A utilização de miglustato (aprovado pela FDA como Zavesca®), um fármaco de iminoaçúcar que inibe a glucosilceramida sintase, tem sido considerada como terapia, pelo potencial de tratar anormalidades associadas ao sistema nervoso central presentes na SLOS. A suplementação com antioxidantes, como a vitamina E, demonstrou igualmente inibir a formação de oxiesterois derivados de 7-dehidrocolesterol em fibroblastos de pacientes com SLOS, alguns dos quais são altamente tóxicos para as células e podem contribuir para a fisiopatologia da doença. Contudo, é crucial a continuidade da investigação científica sobre os benefícios dos tratamentos.