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- (In)Visibilidade trans: discursos on-line e posicionamentos emergentesPublication . Silva, Stephanie Desiree Serrão da; Santos, LuísO termo trans abrange todos os indivíduos cuja identidade de género difere do sexo atribuído à nascença. Apesar dos progressos na visibilidade, aceitação e saúde mental das minorias sexuais e de género, estas ainda enfrentam desafios preocupantes que prejudicam seu bem-estar devido à discriminação constante. A salientar que, na contemporaneidade, esses desafios se expandiram para o ciberespaço. Assim, o presente estudo, de natureza qualitativa, discute a relação entre as potencialidades da comunicação mediada pela internet e a construção colaborativa de produções discursivas em torno da notícia sobre as comemorações a realizar pelo Dia Internacional da Invisibilidade trans em Portugal. Foram analisados 130 comentários do Facebook. Os discursos dos utilizadores organizaram-se segundo a análise temática, tendo sido identificados três temas: i) juízo moral no ciberespaço; ii) patologização da transexualidade e iii) imagens sociais, perceções e construções preconceituosas. Os resultados apurados sugerem a frequente emergência de construções discursivas (co)produzidas no ciberespaço, que refletem sentimentos negativos como medo, aversão, e rejeição contra pessoas trans. Tal contribui para a perpetuação da estigmatização e discriminação desta população. Os resultados apurados reforçam a necessidade de uma abordagem coletiva e proativa para lidar construtivamente com os desafios enfrentados pela comunidade trans.
- Impulsividade e diferenças de sexo: um estudo com estudantes universitáriosPublication . Ribeiro, Carlos Filipe dos Santos Guia; Gomes, InêsA impulsividade, ou ação sem premeditação, está e estará inerente ao comportamento humano e desde há muito tempo que tem despoletado um crescente interesse clínico e científico em termos mundiais. Uma das linhas de investigação tem procurado compreender o papel do sexo no comportamento impulsivo e na (in)capacidade para tomar decisões racionais. Apesar de a literatura evidenciar que os homens são mais impulsivos do que as mulheres, estudos recentes e mais abrangentes têm deixado antever uma maior complexidade no controlo impulsivo, tornando as diferenças de sexo menos lineares. É neste contexto que surge o presente estudo que teve como objetivo principal avaliar e analisar a impulsividade em estudantes universitários, de ambos os sexos. Em termos específicos, pretendeu-se comparar os resultados entre sexos, nos cinco traços de impulsividade avaliados (urgência negativa, falta de perseverança, falta de premeditação, busca de sensações e urgência positiva), bem como analisar a relação entre impulsividade e saúde mental. Para o efeito, foram avaliados 122 estudantes universitários (59% do sexo feminino e 41% do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 18 e os 52 anos. A avaliação da impulsividade foi efetuada através da versão portuguesa da Escala Reduzida UPPS-P, tendo esta avaliação sido complementada com o Inventário de Saúde Mental (MHI-5), para medição do sofrimento e do bem-estar psicológico. Os dados foram recolhidos online, via Google Forms. Os resultados obtidos revelaram diferenças significativas entre os sexos, em todas as dimensões avaliadas, com exceção da falta de perseverança. Comparativamente com as mulheres, os homens apresentaram maior impulsividade, no geral, bem como uma maior tendência para atividades emocionantes e novas experiências (busca de sensações) e para agirem de forma precipitada quando experienciam quer emoções negativas intensas (urgência negativa) quer emoções positivas intensas (urgência positiva). Já as mulheres evidenciaram uma menor capacidade para pensar e refletir sobre as consequências dos atos, antes da sua execução (falta de premeditação). As diferenças de sexo atingiram ainda significância no MHI-5, tendo os homens apresentado uma maior perceção de saúde mental. No seu conjunto, os resultados apontam para a existência de traços de impulsividade diferenciados entre os sexos, que podem estar na base de disposições específicas para ações precipitadas.
- (Re)Conhecer-se trans: emergência, significados e repercussões de processos não normativos de construção identitáriaPublication . Azevedo, Maria; Santos, LuísO processo socialmente não normativo de construção identitária é um processo de autoconhecimento e de autoafirmação, que envolve um conjunto de etapas exigentes, mas não pode ser visto como linear. De um modo geral, os indivíduos experienciam uma angústia interna associada à perceção que desenvolvem sobre a própria aparência e um forte desejo de pertencer a outro corpo. Frequentemente, esta angústia e stresse também resultam das múltiplas situações de estigma interpessoal. O presente estudo descreve as experiências de pessoas trans em torno dos seus processos de autoidentificação, contextualizando a emergência, desenvolvimento e avaliação desses processos. Foram realizadas entrevistas online, semi-estruturadas, a 6 pessoas com identidade de género masculina e 1 com identidade não-binária, com idades compreendidas entre os 21 e os 33 anos. Através da análise temática, os discursos dos participantes foram organizados em cinco temas: (1) A tomada de consciência sobre a diferença; (2) Coming out e reações; (3) Implicações interpessoais e intrapessoais; (4) Contactos com os serviços de saúde; e (5) Consolidação e significação da identidade trans. Os resultados apurados sugerem que a construção de identidade é um percurso impactante na vida do sujeito, que provoca o desencadeamento de um misto de emoções e pensamentos, por vezes, contraditórios. Os discursos apurados reforçam a tese de que o apoio social, sobretudo do núcleo familiar (e.g., uso de pronomes adequados e nome adotado) e as políticas transinclusivas (e.g., uso de instalações sanitárias e/ou balneário com o qual a pessoa se identifica) são imperativas ao longo do processo desenvolvimental e contribuem para o bem-estar da pessoa, bem como para o processo de autorrealização.