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- Epidemiologia de β-Lactamases adquiridas do tipo AmpC em isolados clínicos humanos de EnterobacteriaceaePublication . Freitas, Francisco José Oliveira; Machado, Elisabete; Peixe, Luísa VieiraOs β-lactâmicos constituem antibióticos de primeira linha no tratamento de infecções causadas por Enterobacteriaceae, mas a resistência a estes compostos tem aumentado progressivamente, sendo uma das principais causas a produção de β-lactamases. Nestas incluem-se as AmpC adquiridas (qAmpC), cujos genes codificantes coexistem habitualmente com genes de resistência a outros antibióticos na mesma plataforma genética, limitando as opções terapêuticas. O objectivo global do presente trabalho consistiu em analisar a contribuição da expansão clonal e da transferência horizontal de genes na disseminação de Enterobacteriaceae produtoras de qAmpC (sem AmpC indutivel). Foram analisados 675 isolados clínicos provenientes de 5 instituições de saúde Portuguesas (Norte e Centro). A identificação bacteriana e a avaliação da susceptibilidade aos antibióticos foram realizadas por métodos universalmente aceites. A caracterização das qAmpC incluiu a realização do teste do ácido borónico, o teste do duplo sinergismo entre cefoxitina e a ceftazidima ou a cefotaxima, e a identificação de genes blaqAmpC por PCR e sequenciação. Efectuou-se também a análise da estrutura populacional, da transferibilidade de blaqAmpC, e análise plasmídica. O ambiente genético em torno dos genes blaqAmpC foi também pesquisado (PCR, sequenciação). A expressão de AmpC foi observada em 59% (59/100) dos isolados identificados como presumíveis produtores de qAmpC, detectando-se apenas entre os isolados resistentes à cefoxitina (66%, 59/89). Em 50% (50/100) dos isolados detectaram-se dois tipos distintos de genes blaqAmpC, identificados como blaDHA-1 (94%, n=47/50) e blaCMY-2 (6%, n=3/50). A co-produção de β-lactamases de espectro alargado (ESBLs), predominantemente do tipo SHV, é comum entre os isolados produtores de qAmpC. Reportam-se associações de genes blaqAmpC e blaESBL nunca antes descritas. Em todos os isolados produtores de qAmpC se observou fenótipo de multirresistência, verificando-se elevadas taxas de resistência à maioria dos antibióticos: canamicina (98%), tobramicina (96%), sulfonamidas (96%), ceftazidima (94%), cefotaxima (88%), aztreonamo (84%), ciprofloxacina (82%), trimetoprim (80%), cloranfenicol (78%) e tetraciclina (70%). Os antibióticos com menores taxas de resistência foram: o meropenemo (0%), o imipenemo (4%), a cefepima (8%), a tigeciclina (8%) e a amicacina (26%). Genes blaDHA-1 ocorreram em diferentes espécies, K. pneumoniae (n=41), K. oxytoca (n=4) e E. coli (n=2), durante todo o período de estudo e na maioria das instituições analisadas, verificando-se uma grande diversidade clonal (n=14). Entre os isolados de K. pneumoniae produtores de DHA-1 foram identificados os clones ST11 (n=14, 2 tipos de PFGE) e ST443 (n=1), nos quais se confirmou a presença de blaDHA-1 em plasmídeos não transferíveis pertencentes ao grupo de incompatibilidade IncR (50kb e 180 kb, respectivamente). Em K. oxytoca e E. coli blaDHA-1 detectou-se em plasmídeos não transferíveis pertencentes ao grupo de incompatibilidade IncHI2 (300 e 350 kb, respectivamente) Estas associações nunca antes foram descritas. Genes blaCMY-2 ocorreram apenas em E. coli (n=3), durante o período 2006-2007 e apenas em duas das instituições analisadas, verificando-se a presença de distintos clones (n=3) pertencentes ao grupo filogenético B1. Em dois clones, um dos quais da linhagem clonal ST101, blaCMY-2 foi encontrado em plasmídeos conjugativos de incompatibilidade IncK de 80 kb, enquanto no terceiro clone (B1-fumC65) blaCMY-2 se detectou em plasmídeos não transferíveis de incompatibilidade IncA/C2 de 150 kb. A epidemiologia de isolados produtores de qAmpCs em Portugal é complexa, parecendo envolver a disseminação de clones e/ou plasmideos no caso de blaDHA-1, e predominantemente plasmídeos, mas também sequências de inserção do tipo ISEcp1 no caso de blaCMY-2.