Browsing by Author "Monteiro, Jennifer Yolanda Mendes"
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- Oncologia oral: prevenção e tratamento da mucositePublication . Monteiro, Jennifer Yolanda Mendes; Silveira, AugustaUma neoplasia maligna é uma lesão com origem na proliferação não controlada de células, as unidades elementares que constituem os vários tecidos do organismo humano. As neoplasias malignas da cabeça e pescoço representam uma área preocupante no exercício da Medicina Dentária sendo o tumor maligno mais prevalente e agressivo nesta região anatómica, o carcinoma espinocelular. Anualmente são diagnosticados 400.000 novos casos de patologia oncológica de cabeça e pescoço em todo o mundo. A exposição a fatores de risco torna os indivíduos mais suscetíveis ao desenvolvimento de cancro oral, devendo, sempre que possível, ser evitada. Alguns dos fatores de risco mais importantes na carcinogénese oral são: o tabaco, o álcool, a exposição ocupacional, a exposição a fontes de radiação, os fatores hereditários, os polimorfismos genéticos, os fatores biológicos, os fatores nutricionais e uma saúde oral precária. O diagnóstico precoce é fundamental em oncologia. Para a realização de um diagnóstico correto e atempado, é fundamental elaborar uma adequada história clínica. O exame intra e extra-oral devem fazer parte da rotina de observação de cada paciente nas consultas de Medicina Geral e Familiar e de Medicina Dentária. O autoexame da cavidade oral tem sido indicado como um aliado na deteção precoce do cancro oral. A Medicina Dentária exerce um importante papel em Oncologia Oral: na prevenção e no diagnóstico precoce; na preparação da cavidade oral que irá sofrer os impactos dos tratamentos oncológicos; e numa fase de reabilitação e reconstrução. Neste contexto, o controlo da mucosite oral continua a ser um importante desafio clínico para a equipa multidisciplinar, na qual a Medicina Dentária se deverá incluir. A incidência da mucosite oral atinge até 98% e varia em função do tipo de tratamento, do tipo de patologia e de fatores relacionados com o paciente oncológico. A idade, o género, o estado da saúde e oral – nos quais se inclui a função secretora salivar, os hábitos de higiene oral, os fatores genéticos e metabólicos, o índice de massa corporal, a função renal, a presença de hábitos tabágicos e uma história de tratamento oncológico anterior são fatores relacionados com o paciente oncológico que contribuem para aumento do risco de mucosite oral. A mucosite oral apresenta-se como uma inflamação da mucosa secundária ao tratamento oncológico (quimioterapia e radioterapia) que ocorre na cavidade oral. Esta inflamação provoca dor intensa, ulceração da mucosa, dificuldade na deglutição e predisposição para o desenvolvimento de infeções orais que podem evoluir para infeções sistémicas. A mucosite oral é caracterizada como tendo cinco fases: a iniciação, a geração de mensagens, a sinalização e amplificação, a ulceração e inflamação, e a cura ou reparação/cicatrização. O tratamento da mucosite oral é essencialmente sintomático, e baseia-se no uso de anestésicos tópicos, anti-inflamatórios e antimicrobianos tópicos e sistémicos. Outra forma importante de minimizar as consequências da mucosite oral e melhorar o prognóstico – por norma reservado – é através de uma excelente manutenção da saúde oral. A melhor terapêutica para a mucosite oral é a sua prevenção. Recomenda-se uma intervenção multidisciplinar e o estabelecimento de protocolos cuidadosos, com educação de pacientes e profissionais, no sentido de garantir o seu cumprimento. Os profissionais de saúde oral devem ser integrados nas equipas de prevenção e tratamento da mucosite oral. Uma aproximação entre o paciente oncológico e o Médico Dentista – formado e preparado para atuar em oncologia oral – permite iniciar protocolos clínicos corretos, de forma atempada, com potencial para reduzir substancialmente a taxa de incidência e a morbidade associada a mucosite oral. Pela formação que têm, os Médicos Dentistas podem acrescentar valor às equipas multidisciplinares e claros benefícios ao paciente oncológico.