Browsing by Author "Melo, Sara Regina Fernandes"
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- Fitoterapia e suplementos alimentares no cancro da mama, eventos adversos e interações com hormonoterapia: uma revisão sistemáticaPublication . Melo, Sara Regina Fernandes; Oliveira, Rita; Lopes, Carla MartinsBackground: Aproximadamente 80% dos cancros da mama em mulheres prémenopausa são positivos para recetores hormonais de estrogénio (ER – do inglês, oestrogen receptor), recetores de progesterona (PgR – do inglês, progesterone receptor), revelando-se ser suscetível à terapia endócrina, também designada por hormonoterapia. Os esquemas terapêuticos da hormonoterapia estão associados a regimes posológicos prolongados, geralmente, com períodos entre 5 a 10 anos, e ao aparecimento de efeitos tóxicos que podem condicionar a qualidade de vida e a saúde das doentes. O recurso a metodologias de tratamento alternativas e complementares tem sugerido benefícios na redução dos efeitos induzidos pela terapia hormonal e, por isso, a sua utilização tem sido crescente nos doentes com cancro da mama hormono-sensíveis. Contudo a evidência disponível sobre a segurança da combinação dessas metodologias com hormonoterapia é escassa e limitada, especialmente no que se relaciona com possíveis eventos adversos com produtos fitoterápicos e suplementos alimentares, os quais podem interferir com a farmacocinética dos fármacos. Objetivos: Elaboração de uma revisão sistemática que reúna evidência científica de potenciais eventos adversos associados à combinação entre fitoterapia e suplementos alimentares com a hormonoterapia em doentes com cancro da mama, incluindo segurança, tolerabilidade e interferência na eficácia da mesma. Metodologia: As bases de dados utilizadas para a pesquisa de estudos clínicos foram a Pubmed, Web of Science, Scielo e ClinicalTrials.gov. Foram incluídos estudos clínicos randomizados e não randomizados, estudos de coorte e casos-controlo, estudos observacionais sem grupos de controlo, revisões sistemáticas de estudos clínicos, metaanálises e estudos transversais. Resultados: Da pesquisa efetuada resultaram um total de 302 artigos dos quais 19 artigos cumpriram os critérios de elegibilidade para inclusão. A revisão bibliográfica de alguns artigos excluídos resultou na inclusão de 10 artigos adicionais. No que refere a suplementos alimentares, a vitamina D3 em combinação com o cálcio, ácidos gordos essenciais, óxido de magnésio, Undaria pinnatifida (wakame) e vitamina B12 foram suplementos usados simultaneamente com inibidores de aromatase e reportaram uma boa tolerância e segurança. Sulfato de glucosamina e sulfato de condroitina foram associados a efeitos adversos de grau menor. Em terapia com tamoxifeno, os suplementos alimentares usados foram o diindolilmetano (DIM – do inglês, diindolylmethane), óxido de magnésio, vitamina E, suplemento de soja e Yunzhi (Coriolus versicolor), sem referência a efeitos adversos significativos. Relativamente a fitoterapia, o extrato de Cimicifuga racemosa (ateia, do inglês - black cohosh) em combinação com tamoxifeno foi associado a efeitos adversos graves a menores, e a Camellia sinensis (chá verde) a efeitos de baixa severidade. Já a Salvia miltiorrhiza (danshen) não demonstrou a presença de qualquer efeito adverso. Não se verificaram alterações no perfil farmacocinético dos fármacos inibidores de aromatase na coadministração com vitamina D3 e cálcio. Contudo, a administração de vitamina E, DIM e Undaria pinnatifida (wakame) esteve associada a alterações no perfil farmacocinético do tamoxifeno e de seus metabolitos. A administração de chá verde não alterou a farmacocinética do tamoxifeno. Discussão: No decorrer da análise dos resultados, foram encontradas algumas inconsistências, nomeadamente em estudos efetuados sob condições idênticas e que reportaram resultados diferentes, e na avaliação de interações medicamentosas pela avaliação dos parâmetros farmacocinéticos não ter sido efetuada com a melhor qualidade metodológica de forma a evitar risco de viés. Conclusão: A utilização de suplementos alimentares e/ou fitoterapia deve ser controlada, contínua e extensivamente avaliada através da realização de estudos clínicos adicionais.