Browsing by Author "Feliz, Juliana da Costa"
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- A história da educação da mulher no Brasil contada pelos impressos: uma análise comparada do discurso das revistas femininas e de informação geral (1827-1997)Publication . Feliz, Juliana da Costa; Sousa, Jorge Pedro; Costa, EdwaldoO nível de escolarização feminina no Brasil tem se elevado, hoje superando os homens. A inversão aconteceu nos anos 1990, colocando as mulheres entre as mais escolarizadas. Nesse contexto, a questão-chave da pesquisa é elucidar de que modo a Imprensa abordou o tema “educação da mulher”, considerando mudanças legislativas e conquistas femininas. O recorte histórico compreende cinco marcos legais, desde a Lei Geral (1827) até a LDB (1996). A metodologia utilizada foi a Análise do Discurso Hermenêutica, numa vertente cultural e histórica, que enfatiza a interpretação textual. Para cada marco, foram selecionados dois periódicos, um de informação geral e outro feminino. Como geral: o Diário do RJ, a Revista Illustrada, O Cruzeiro e Veja; e femininos: O Espelho Diamantino, Echo das Damas, Jornal das Moças e Claudia. O objetivo geral foi analisar, comparativa e historicamente, o discurso da imprensa sobre a educação da mulher. Como objetivos específicos: a) verificar se o tema surge na cobertura; b) averiguar quais os subtemas abordados e a respectiva relevância no discurso; c) observar as eventuais mudanças no tom da cobertura; d) averiguar se as mudanças legislativas provocaram alterações no volume e no tom sobre o tema; e) indagar o gênero de quem escreveu sobre o tema; f) verificar quais foram as fontes e protagonistas, e o uso deles nos textos; e g) identificar, em termos gerais e comparativos, como a cobertura se posicionou sobre o tema. Os parâmetros metodológicos para as análises quantitativas e qualitativas do discurso foram construídos tendo como referência Barbosa, Bardin, Benetti e Lago, Charaudeau, Duarte e Barros, Iñiguez, Mota e Porto, Sousa e Wimmer e Dominick, adaptados às especificidades da investigação. O estudo foi norteado pelas pesquisas sobre gênero, mídia e educação de Bassanezi, Buitoni, Duarte, Hahner, Hollanda, Lopes, Louro, Muzart, Perrot, Rago, Romanelli, Saffioti, Del Priore e Telles. A investigação partiu de oito hipóteses e confirmou-se que: 1) a educação feminina foi abordada essencialmente desde a perspectiva da educação formal; 2) os periódicos compararam ao longo do tempo a educação dada a homens e mulheres, enfatizando as razões pelas quais deveria ser diferente ou semelhante; 3) com o tempo, e tendo em conta a mudança da sociedade brasileira e de seus valores, de uma atitude de oposição a uma educação formal emancipadora, passou-se ao apoio a esse tipo de educação, também, por comparação com países mais desenvolvidos; 4) é nos gêneros jornalísticos explicativos, interpretativos e opinativos que mais se nota o apoio ou oposição à educação das mulheres. As hipóteses confirmadas parcialmente: 5) o tema surge mais nos periódicos femininos do que nos de informação geral, até a redemocratização do Brasil (1988); e 6) as fontes oficiais protagonizam os textos sobre o tema, e tendo em conta que a maioria dos agentes políticos de decisão foram e são homens, então há um predomínio masculino entre fontes e protagonistas. As hipóteses que não se confirmaram: 7) nos momentos de debate e promulgação de novas leis educacionais, assistiu-se à intensificação do interesse dos impressos pelo tema; 8) até o ingresso em número relevante de mulheres nas redações nos anos 1990, a maioria dos textos relacionados ao tema foi escrita por homens. A tese foi estruturada em oito capítulos, sendo os dois primeiros dedicados à revisão de literatura, o terceiro metodológico, e os subsequentes destinados às análises. Após a conclusão da pesquisa, é possível afirmar que a imprensa brasileira abriu espaço para o debate sobre a educação feminina, mostrando-se mais favorável com o decorrer da história, especialmente a partir da redemocratização. Os impressos femininos tiveram discussões mais aprofundadas e pela perspectiva da garantia de direitos, enquanto os de informação geral trataram o tema de maneira mais objetiva e seguindo os valores da sociedade em cada época.
