Browsing by Author "Amsellem, Abigael"
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- Relação entre a diversidade da microbiota oral e doença de Crohn: revisão integrativaPublication . Amsellem, Abigael; Coelho, Maria JoãoA doença de Crohn é uma condição multifatorial cuja causa exata permanece desconhecida. Caracteriza-se por períodos de atividade que alternam com remissões, afetando principalmente a porção terminal do íleo e o início do cólon. Pode causar complicações tanto intestinais quanto extra-intestinais. Entre estas últimas, destacam-se as manifestações na cavidade oral, que podem ocorrer antes ou depois do diagnóstico da doença de Crohn. O diagnóstico deve ser realizado por um gastroenterologista, que se baseará numa história clínica detalhada, num exame físico minucioso e em vários exames complementares. Estes incluem a colonoscopia, exames de imagem, análises laboratoriais e histopatologia. O cirurgião-dentista também desempenha um papel crucial na deteção, prevenção e tratamento das manifestações orais da doença de Crohn. Pode ser um elemento fundamental no diagnóstico precoce, especialmente quando os primeiros sintomas aparecem na cavidade oral. Além disso, o dentista contribui com informações e conselhos ao paciente, visando melhorar a sua qualidade de vida. A doença de Crohn manifesta-se através de uma ampla gama de sintomas, que variam de pessoa para pessoa, exigindo assim uma abordagem personalizada e multidisciplinar. Entre as manifestações orais mais comuns associadas à doença de Crohn estão a estomatite aftosa, as úlceras profundas e lineares, a mucogengivite, o aspeto de empedrado (cobblestoning), a queilite granulomatosa e as lesões polipóides. Estas manifestações devem ser observadas e diagnosticadas cuidadosamente pelo cirurgião-dentista, permitindo assim um diagnóstico precoce e um tratamento adequado e atempado. A relação entre a diversidade da microbiota oral e as doenças sistémicas, em particular a doença de Crohn, representa um campo de investigação emergente e promissor que destaca a interconexão entre a saúde oral e o bem-estar geral do organismo. A microbiota oral, composta por uma grande variedade de bactérias, vírus, fungos e outros micro-organismos, forma um ecossistema complexo e essencial, desempenhando um papel fundamental na manutenção da homeostase oral e sistémica. A diversidade deste ecossistema é crucial, pois garante resiliência e estabilidade, fatores importantes para evitar a disbiose, que pode levar a doenças locais e sistémicas. Os resultados desta pesquisa revelam uma alteração significativa da microbiota oral em pacientes com doença de Crohn, caracterizada por uma redução na diversidade microbiana e uma predominância de certas estirpes patogénicas. Esta disbiose, associada a distúrbios inflamatórios e imunológicos sistémicos comuns na doença de Crohn, evidencia uma relação bidirecional entre a inflamação intestinal e as alterações na microbiota oral. Por outras palavras, a inflamação crónica e sistémica característica da doença de Crohn parece influenciar diretamente a composição da microbiota oral, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento de doenças periodontais e outras infeções orais. Além disso, o oposto também parece ser verdadeiro: a disbiose oral pode influenciar negativamente a microbiota intestinal através da circulação sistémica, agravando a inflamação e intensificando os sintomas da doença de Crohn. Esta hipótese sugere novas perspetivas para o tratamento preventivo e curativo das condições orais em pacientes com doenças inflamatórias intestinais crónicas. Uma abordagem terapêutica integrada, que leve em conta a saúde oral, pode desempenhar um papel crucial na gestão global da doença de Crohn. Este estudo, portanto, destaca a importância de uma visão holística da saúde, na qual a componente oral não deve mais ser vista como um elemento isolado, mas como uma parte essencial do equilíbrio sistémico do corpo. O controlo da disbiose oral, particularmente através de intervenções direcionadas à microbiota, como o uso de probióticos ou a modulação da higiene oral, pode representar uma estratégia promissora para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença de Crohn e, possivelmente, outras doenças sistémicas relacionadas a desequilíbrios na microbiota oral. Nesse contexto, torna-se fundamental incluir a dimensão oral no acompanhamento e tratamento de doenças sistémicas, revelando uma interdependência ainda maior entre as diferentes disciplinas médicas.