Browsing by Author "Matos, Pedro Eduardo Peters"
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- Perceção de autoeficácia, empatia e vinculação em psicólogos estagiários: estudo exploratórioPublication . Matos, Pedro Eduardo Peters; Alves, SóniaO estágio curricular é um momento crucial na formação e treino de futuros psicólogos, que visa aprimorar competências relacionais e técnico-instrumentais através da prática. Conhecer o modo como os estagiários percecionam o seu nível de desenvolvimento em termos destas competências tem o potencial de intencionar a promoção e o desenvolvimento destas mesmas competências ao longo da formação académica. Assim, o presente estudo explora a perceção de alunos estagiários de psicologia sobre habilidades relacionais e técnico-instrumentais específicas que consideram deter na fase inicial e final desta experiência pré-profissional. Concretamente, pretende analisar o modo como se sentem em relação às interações que irão estabelecer na sua prática clínica, como reagem cognitiva e emocionalmente a essas relações e qual o grau de confiança na eficácia da sua atuação. Participaram neste estudo 8 estagiários curriculares de uma Universidade do Norte de Portugal, a frequentar o 2º Ano do 2º Ciclo de Estudos em Psicologia Clínica ou em Psicologia da Justiça, tendo sido avaliados em dois momentos: início do estágio curricular (Setembro de 2016) e fim do estágio curricular (Maio de 2017). A avaliação da autoeficácia do terapeuta (competências básicas de ajuda, gestão da sessão e desafios terapêuticos), da empatia (tomada de perspetiva, preocupação empática, desconforto pessoal e fantasia) e da vinculação (ansiedade em relação a questões interpessoais, conforto com a proximidade e confiança nos outros) foram efetuadas através das versões portuguesas do Counselor Activity Self-Efficacy Scale (CASES), do Índice de Reatividade Interpessoal (IRI) e da Escala de Vinculação do Adulto (EVA), respetivamente. Em termos descritivos, e no que se refere à perceção de autoeficácia, verificouse que os participantes revelam uma confiança satisfatória nas suas capacidades tanto no início quanto no final do estágio curricular. Em termos médios, os maiores níveis de confiança dizem respeito às competências básicas de ajuda que integram as capacidades de exploração, de insight e de ação. Relativamente à empatia, os participantes pontuam, em ambos os momentos, de forma elevada na preocupação empática, o que revela a inclinação para se sentirem calorosos, sentirem compaixão e preocupação com os outros; em termos de desconforto pessoal, os estagiários parecem apresentar altos níveis de tolerância às emoções dos outros. Em termos de vinculação na idade adulta, os participantes tendem a perceber as suas relações com os outros como algo pouco ansiogénico, sentindo-se confortáveis com a proximidade e confiantes nos mesmos e na sua disponibilidade, isto tanto no início como no final do estágio curricular. No que se refere à forma como as variáveis estudadas se associam, verificamos que no início do estágio curricular as competências de ajuda (CASES) se encontram positivamente associadas com a dimensão conforto com a proximidade (EVA), o que significa que quanto mais os participantes se percebem como competentes em termos de ajuda, mais conforto apresentam no estabelecimento de proximidade com os outros. No final do estágio curricular foi encontrada uma associação positiva entre a dimensão desafios terapêuticos (CASES) e a tomada de perspetiva (IRI), o que significa que os participantes tendem a percecionar-se como sendo mais capazes de lidar com os desafios durante a sessão à medida que se percebem como mais capazes de adotar a perspetiva do outro; a associação negativa entre a gestão da sessão (CASES) e o desconforto pessoal (IRI) aponta para a ideia de que quanto menor for o desconforto pessoal do participante em relação às emoções do outro, mais ele se percebe como capaz de gerir a sessão; por último a associação negativa entre o conforto com a proximidade (EVA) e a fantasia (IRI) indica que quanto menos o participante recorre à adoção de sentimentos e ações de personagens fictícios (ou seja, quanto mais genuíno é) mais confortável se sente com a proximidade em termos vinculativos. Quando exploradas as diferenças intra-sujeitos no que diz respeito à perceção da autoeficácia entre o início e o fim do estágio curricular, foram encontradas diferenças marginalmente significativas na perceção geral de autoeficácia e na gestão de sessão. Quer isto dizer que os participantes se percebem como mais competentes em termos gerais e em termos da forma como gerem a sessão à medida que o estágio curricular avança. Apesar do caráter exploratório deste estudo, as implicações destes resultados para a melhoria da formação e do treino em psicologia serão discutidas.