Browsing by Author "Faias, Joana Casaca"
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- Relação entre violência nas relações de namoro e violência no contexto familiarPublication . Faias, Joana Casaca; Caridade, Sónia; Cardoso, JorgeO estudo da relação entre a violência no namoro e a exposição/vitimação de violência interparental tem despertado o interesse sobretudo por parte da comunidade científica internacional, a qual documenta existir uma relação positiva. Não obstante, a comunidade científica portuguesa tem-se dedicado essencialmente à caracterização da prevalência destes fenómenos, negligenciando a análise da relação entre eles. O presente estudo procura, assim, colmatar a lacuna existente ao procurar analisar a relação entre a violência ocorrida nas relações de intimidade dos jovens adultos e a violência experienciada no seio familiar. Para o efeito recorremos a dois instrumentos de autorrelato: Escala de Tácticas do Conflito Revisada (CTS) para avaliar a prevalência das tipologias de violência no namoro e a Escala de Sinalização do Ambiente Familiar Natural Infantil (S.A.N.I) para caracterizar o ambiente familiar dos participantes, os quais foram disponibilizados numa plataforma online – Google Docs. Esta investigação contou com uma amostra de 505 participantes (dos quais 80.6% pertenciam ao sexo feminino) com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M = 21.76; D.P. = 2.15), em que todos os participantes já tinham pelo menos uma experiência amorosa. Os resultados obtidos demonstram que existem altas taxas de prevalência da violência nas relações amorosas atuais, tanto na perpetração como na vitimação, onde a tipologia mais frequente é a agressão psicológica (52.3% - 50.4% respetivamente), seguida da coerção sexual (28.5% - 33.6% respetivamente), o abuso físico sem sequelas (22% - 21.4% respetivamente) e por fim, de forma menos expressiva, mas ainda assim preocupantes, registamos o abuso físico com sequelas (3.8% - 3% respetivamente). As únicas diferenças estatisticamente significativas encontradas a nível de género, foram no padrão da perpetração, nomeadamente na coerção sexual, e em que os rapazes (46%) se identificam como sendo os principais perpetradores desta forma de violência. Foram sinalizados nos contextos familiares dos participantes elevadas taxas de violência (80.8%), onde a mais prevalente foi a violência emocional (74.3%), de seguida o controlo (65.9%), a coerção (34.5%) e por fim, a violência física (16.4%). Não foram detetadas diferenças de género estatisticamente significativas. As análises de associação demonstram que existe uma relação positiva entre a violência no namoro e a exposição à violência interparental, tanto na vitimação (quem está exposto a abuso emocional, coerção, controlo e abuso físico na família) como na perpetração (quem está exposto a abuso emocional, controlo e coerção na família). Os resultados encontrados mostram que é necessário maior investimento na área para entender o fenómeno e criar medidas de prevenção e intervenção junto das famílias de modo a diminuir as taxas elevadas encontradas.
