Browsing by Author "Carvalhais, Alexandra Raquel Morais da Costa"
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- Caraterização de genes de resistência a antibióticos em isolados de Enterobacteriaceae provenientes de suiniculturas de produção intensiva e extensiva de PortugalPublication . Carvalhais, Alexandra Raquel Morais da Costa; Machado, ElisabeteA família Enterobacteriaceae constitui a causa de inúmeras infeções em animais e no Homem, cujo tratamento com antibióticos de uma forma exacerbada tem conduzido à emergência e disseminação de genes de resistência, o que tem sido reconhecido como um grave problema de saúde pública. Consequentemente, torna-se imprescindível uma vigilância epidemiológica deste problema, sendo muito útil incluir nos programas de monitorização bactérias indicadoras, como Escherichia coli, provenientes de vários nichos. A emergência de bactérias multirresistentes no Homem devido ao elevado consumo de antibióticos em animais de produção tem sido sugerida em vários estudos. A microflora bacteriana intestinal dos animais constitui um ambiente favorável para a sobrevivência e transferência de bactérias resistentes a antibióticos. Tendo em conta a escassa informação em Portugal sobre a resistência a antibióticos neste nicho, pretende-se com este trabalho de investigação analisar a ocorrência e distribuição de genes de resistência a antibióticos e a presença de clones epidémicos e virulentos entre os isolados de E. coli provenientes de amostras de suiniculturas de produção intensiva e de produção extensiva. Foram incluídos para análise 210 isolados de E. coli previamente identificados e analisados quanto à suscetibilidade a antibióticos e aos grupos filogenéticos em trabalhos de investigação anteriores. Estes isolados foram obtidos de amostras de cinco suiniculturas de produção intensiva e uma suinicultura de produção extensiva de Portugal Continental (2006-2007). A identificação de genes que codificam resistência para as sulfonamidas (sul1, sul2, sul3), tetraciclinas (tetA, tetB e tetG), aminoglicosídeos (armA e rmtB), quinolonas (qnrA, qnrB, qnrC, qnrD, qnrS, qepA, oqxA e oqxB) ou a ambos estes últimos [aac(6’)-Ib-cr], foi efetuada por PCR e sequenciação. Dos 191 isolados correspondentes às cinco suiniculturas de produção intensiva analisadas, 37,7% (72/191) apresentaram o gene tetA e 28,3% (54/191) o gene tetB. O gene tetG não foi detetado em nenhum isolado. Quanto à ocorrência de genes sul, foi de 16,8% (32/191) para sul1, de 34,0% (65/191) para sul2 e de 42,4% (81/191) para sul3. No que diz respeito à resistência a quinolonas mediada por plasmídeos (PMQR), o gene qnrS1 foi detetado em 5,8% (11/191) dos isolados, sendo que a ocorrência foi menor para os restantes genes detectados codificando para as proteínas Qnr (qnrB: 3,1%; qnrC: 0,5% e qnrD: 0,5%) e para oqxA e oqxB (0,5%, 1/191 para ambos), sendo nula para os genes qnrA, aac(6´)-Ib-cr e qepA. Em relação aos 19 isolados provenientes da suinicultura de produção extensiva, apenas se detetaram genes que codificam para PMQR em 6 isolados, correspondendo ao gene qnrD (31,6%). No que se refere a genes de resistência à tetraciclina, detetaram-se os genes tetA (5,3%, 1/19) e tetB (21,1%, 4/19). Os restantes genes de resistência pesquisados não foram detetados. A presença de clones epidémicos e virulentos, internacionalmente disseminados, foi também pesquisada entre os isolados previamente identificados como pertencentes ao grupo filogenético B2 (2,9%, 6/21) ou D (9,4%, 20/210). O clone B2-ST131 foi detetado em dois isolados provenientes de uma suinicultura de produção intensiva, correspondendo a isolados contendo os genes tetA e qnrS1. O clone D-ST393 foi identificado em três isolados, os quais demonstraram possuir os genes sul3, tetA e tetB. Os restantes clones pesquisados (ST69, ST95 e ST405) não foram detetados. Os dados obtidos neste estudo permitem concluir que as suiniculturas portuguesas constituem um reservatório e um veículo de disseminação de E. coli albergando múltiplos genes de resistência a antibióticos, nomeadamente à tetraciclina (tet), sulfonamidas (sul) e, menos frequentemente, às quinolonas (qnr e oqx). Estas bactérias, através do meio ambiente, da cadeia alimentar (por exemplo, nos géneros alimentícios) e/ou do contato direto entre o Homem e animais ou ambiente de produção animal, podem ser transmitidas ao Homem e colonizar o seu intestino, contribuindo desta forma para a disseminação da resistência aos antibióticos entre bactérias comensais e patogénicas (DEPI, 2015). Neste estudo, a taxa de resistência a antibióticos observada foi mais prevalente na maternidade e na sala de engorda em ambiente de produção suinícola. Para além da necessidade em detetar precocemente a emergência e disseminação de genes de resistência em diferentes nichos e espécies bacterianas, o estabelecimento de políticas de uso prudente de antibióticos em animais de produção e humanos será útil para a definição de estratégias que ajudem a prevenir os riscos para a saúde pública.
